A pedido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o delegado-geral da Polícia Civil, Artur José Dian, suspenderam uma viagem para Nova York com o objetivo de priorizar as investigações sobre o assassinato de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC, no Aeroporto Internacional de São Paulo. A ordem dada pelo governo estadual foi clara: resolver o caso “o quanto antes”, independentemente das consequências.
Derrite e Dian tinham a agenda de participar de um curso na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mas, diante da gravidade do ocorrido, decidiram atender ao pedido do governador e permanecer no Brasil. Paralelamente, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou nesta segunda-feira (11) uma solicitação para revogar a delação premiada de Gritzbach e para que as provas obtidas a partir de seu depoimento sejam disponibilizadas aos órgãos de investigação responsáveis pelo caso.
A Polícia Civil já iniciou a análise dos dados dos celulares de Gritzbach e dos agentes de segurança que faziam sua escolta.
Quem era Gritzbach, o delator do PCC
Gritzbach estava respondendo a uma acusação por lavagem de dinheiro relacionada ao PCC. Ele teria movimentado cerca de R$ 30 milhões oriundos do tráfico de drogas, principalmente por meio de transações imobiliárias e postos de combustíveis. Em suas declarações, forneceu detalhes operacionais da facção e prometia revelar novas informações, o que levanta a suspeita de que seu assassinato seja uma “queima de arquivo”.
As investigações indicam que Gritzbach tinha um papel relevante nas operações do PCC, inclusive com participação no “tribunal do crime”, onde decisões de punições internas são tomadas.
A Ascensão e Conflito com Cara Preta
Antes de seu envolvimento com o PCC, Gritzbach trabalhava como corretor de imóveis no bairro do Tatuapé, em São Paulo, e tinha relações comerciais com Anselmo Bicheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, um dos líderes do PCC que negociava substâncias ilícitas e armas. Como Cara Preta não podia adquirir propriedades em seu nome, Gritzbach providenciava “laranjas” para facilitar as transações.
Cerca de cinco anos atrás, Gritzbach sugeriu a Cara Preta a possibilidade de investir em criptomoedas, o que levou o traficante a aplicar R$ 200 milhões na proposta. Em 2021, após solicitar parte do montante para um investimento em construção civil, Cara Preta se deparou com a resistência de Gritzbach, o que gerou uma disputa intensa entre os dois. Testemunhas confirmaram que houve um confronto verbal, e, dias depois, Cara Preta e seu motorista foram mortos em uma emboscada. O Ministério Público aponta Gritzbach como mandante do crime, motivado pela intenção de evitar a devolução do valor investido.
O Assassinato no Aeroporto
Gritzbach foi alvejado ao desembarcar no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, na sexta-feira à tarde, após uma viagem de Maceió. Ele estava acompanhado de sua namorada e foi surpreendido por dois homens encapuzados. A ação, violenta e meticulosamente planejada, resultou em mais de 29 disparos de calibres variados, dos quais 10 atingiram Gritzbach.
Na bagagem de Gritzbach, foram encontrados mais de R$ 1 milhão em joias, incluindo itens de marcas como Bulgari e Cartier. Segundo familiares, ele teria ido a Maceió para cobrar uma dívida de um conhecido.
Durante o ataque, um motorista de aplicativo, Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi baleado nas costas e morreu no sábado (9) no Hospital de Guarulhos. Além disso, um funcionário terceirizado do aeroporto e uma mulher que se encontrava na calçada do terminal foram feridos na ação.
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