Não há gratuidade na rede, ou melhor, não “há almoço grátis”!
Se eu te perguntasse agora, pessoalmente, onde você jantou ontem, com quem você estava e para onde você foi depois … você contaria? Ou melhor, você contaria a um estranho ou a um conhecido? Provavelmente a sua resposta seria um sonoro “não”. E por que isso? É simples: você e eu – todos nós – gostamos de preservar a nossa privacidade e não abrir mão dela se não às pessoas muito próximas, a um círculo restrito de amizades e familiares “e olhe lá!”.
No entanto, eu, você e mais de 2 bilhões de pessoas estamos conectados ao Facebook. Eu, você e mais 1,5 bilhão de pessoas estamos conectados ao Whatsapp. Muitos de nós sequer lê os “Termos de Uso” e a “Política de Privacidade”, tampouco analisa e adequa as configurações de privacidade das redes sociais que diuturnamente acessamos. Assim como podemos vasculhar informações alheias, espontaneamente expostas nessas mídias, assim também é possível que outros o façam em relação a nós.
Resta, pois, uma pergunta: existe privacidade neste contexto atual? Posso dizer que não! No máximo, essa privacidade é relativa, pois as configurações nos permitem restringir os dados a outros usuários, porém elas ficam disponíveis ao “dono” da rede social, que, por disponibiliza-la de forma “gratuita” (sim, entre aspas), forma seu banco de dados de usuários e os analisa de maneira a transforma-los em dinheiro. O que gostamos, onde fomos e com quem estamos torna-se o capital, o ativo comercializável das mídias sociais. Não há gratuidade na rede, ou melhor, não “há almoço grátis”!
Estamos apreendendo a lidar com essa perda de privacidade e com os riscos no ambiente digital, mas apenas em situações envolvendo a exposição de dados de usuários de mídias sociais – o mais recente, do Facebook, com mais de 440 mil dados de brasileiros sendo usados para fins escusos – é que passamos (ao menos deveríamos) a tomar cuidados antes impensados. Dentre os aspectos que precisamos atentar, naturalmente avaliamos o risco e a teoria da compensação correspondente, ou seja, “o quanto vale a pena correr este ou aquele risco? Conectar-se a esta ou aquela rede? Os benefícios serão maiores que eventuais riscos futuros?” Afinal, somos humanos e estamos acostumados a correr riscos!
Então, se estamos dispostos a correr riscos na web e diminuir a exposição, ou melhor, a manter o mínimo de nossa privacidade, seja sobre o que é segredo ou sobre o que é reservado (a poucos), podemos reduzir as possibilidades de invasão e de captura de informações privilegiadas, começando pelos processos de dupla verificação ou autenticação, com senhas de 8 dígitos, alfanuméricos e com caracteres especiais, uma senha para cada aplicativo etc. etc. etc. As configurações de privacidade, com reserva aos amigos ou somente a determinadas pessoas, aliadas aos cuidados quanto ao check in e restrição de informações familiares, são passos importantes e fundamentais. No entanto, privacidade plena na era digital somente se não estivermos conectados nas redes sociais!
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