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Pistola 9mm virou a arma mais popular e mais apreendida do Brasil

Arma era de uso restrito e passou a ser vendida em 2019, após mudança de regras. Parte dessas pistolas sai do mercado legal e vai parar na mão de criminosos.

por Editoria Delegados

A pistola calibre 9mm, anteriormente restrita a uso das Forças Armadas e polícias federais, tornou-se, entre 2019 e 2022, a arma mais difundida no Brasil, tanto entre civis com autorização legal quanto no mercado ilegal. O crescimento exponencial ocorreu após a flexibilização nas regras de acesso durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo dados da Polícia Federal, atualmente existem cerca de 643 mil pistolas 9mm registradas legalmente no país, sendo 379 mil com Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) e 264 mil para defesa pessoal. O calibre representa 28% de todas as armas legais do Brasil.

O revólver calibre 38, que já foi o mais popular, soma hoje 272 mil unidades. A pistola 380, líder entre 2012 e 2019, contabiliza 492 mil registros ativos.


Gustavo Pazzini, atirador esportivo e dono de estande de tiro em São Paulo, afirma que a popularidade da 9mm está ligada ao desejo por uma arma antes proibida e à sua maior capacidade de munição em relação às concorrentes. “Comparada à .380, a 9mm oferece desempenho superior com pouca diferença de dimensão e maior número de tiros por carregador.”

No mercado ilegal, o salto foi notável: em 2018, apenas 11 pistolas 9mm foram apreendidas; em 2024, o número saltou para 1.377. O especialista Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, alerta que a ampliação do acesso civil às 9mm impulsionou também sua presença no crime organizado. “Houve uma modernização das armas utilizadas em delitos, com mais potência e maior risco para a sociedade”, disse.

A 9mm destaca-se por sua potência e eficiência. Segundo o perito criminal Bruno Lazzari, o calibre atinge 453,56 joules, quase o dobro da pistola 380. Seu projétil cônico possui elevado poder de penetração, podendo atravessar superfícies como latarias e portões, o que amplia os riscos em confrontos urbanos.



Com a proibição da venda de armas de uso restrito para civis em janeiro de 2023, a tendência é que o crescimento da 9mm estacione. No entanto, o estoque acumulado em quatro anos representa um desafio para a segurança pública.

O Brasil contabiliza hoje cerca de 2,3 milhões de armas legais: quase 1 milhão em mãos de CACs e 1,3 milhão para defesa pessoal. Com a transferência da fiscalização dos CACs do Exército para a Polícia Federal, prevista para julho deste ano, espera-se um controle mais rigoroso. “A PF tem condições de otimizar o monitoramento, utilizando bases de dados integradas que nunca foram exploradas pelo Exército”, afirmou Langeani.

A evolução da pistola 9mm reflete um período de afrouxamento legislativo e o impacto direto que essas mudanças tiveram sobre o perfil do armamento em circulação no país.x

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