RJ: Atleta de jiu-jítsu foi abordado por policiais em uma suposta blitz
Em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, o lutador de jiu-jistu da Nova Zelândia, Jayson Lee, contou em detalhes como aconteceu o sequestro, que teria sido praticado por policiais militares. De acordo com o documento exibido pelo Bom Dia Rio desta quarta-feira (27), o atleta chegou a dar R$ 2 mil para que os policiais o libertassem. Em uma rede social, Lee contou que foi sequestrado por “homens fardados”.
Segundo o depoimento, os PMs, que o abordaram em uma blitz, alegaram que o neozelandês não poderia dirigir sem o passaporte e precisaria ir até a Polícia Federal para fazer um registro e pagar uma multa ou que poderia pagar diretamente aos PMs a quantia de R$ 2 mil. Em seguida, o atleta foi orientado a seguir duas motos até um posto da polícia, onde teve que entrar em um carro particular até Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e conseguiu sacar R$ 1 mil.
Ainda de acordo com o depoimento, Jayson foi levado, dentro do carro, a outro banco, onde sacou os outros R$ 1 mil que faltavam. Depois disso, ele contou que foi levado de volta ao posto policial onde entregou o dinheiro. O lutador terminou o depoimento dizendo que foi liberado para seguir viagem e apresentou o comprovante do saque.
Segundo o atleta, a abordagem ocorreu em uma blitz formada por uma viatura de sirene vermelha ligada e duas motos por, supostamente, policiais militares. O lutador foi revistado e foram exigidos os documentos de identidade e do veículo. Jayson falou que apresentou os dois e, em seguida, o lutador contou que um policial de pele negra e careca e outro moreno, de cabelo curto, informaram que ele deveria pagar a quantia para ser liberado.
A Polícia Militar disse que a Corregedoria Interna instaurou um inquérito e já no início da investigação foram encontrados indícios de crime militar. Dois policiais do Batalhão de Vias Expressas (BPVE) estão presos, serão submetidos a um processo administrativo disciplinar e podem ser expulsos da corporação.
Relato na rede social
“O que fizeram de bom ontem? Eu fui sequestrado. Go Olympics! #Rio2016”, postou no Twitter o lutador, que não compete na Olimpíada – jiu-jitsu não está entre as modalidades.
O crime teria ocorrido no sábado (23) quando ele estava a “cerca de 20 minutos do Rio”, segundo escreveu. Lee disse que voltava de uma competição em Resende, Sul Fluminense.
No Facebook, Lee explicou a dinâmica do crime. “Então, ontem [sábado] eu fui sequestrado no Brasil. Não por algumas pessoas aleatórias com armas, mas por policiais em serviço com uniforme completo. Fui ameaçado de prisão se eu não entrasse no carro particular e os acompanhasse até dois caixas eletrônicos para retirar uma grande soma de dinheiro para suborno”, escreveu.
O atleta fez ainda uma reflexão sobre o crime no país. “Eu não tenho certeza o que é mais deprimente, o fato de essas coisas estarem acontecendo com os estrangeiros tão perto dos Jogos Olímpicos ou o fato de que os brasileiros têm de viver em uma sociedade que permite que essa brande besteira diariamente. Este lugar é bem e verdadeiramente f… em todos os sentidos da palavra que se possa imaginar.”
Segundo o site neozelandês ZN Herald, Lee está no Brasil há cerca de um ano e veio ao país para aperfeiçar a técnica no jiu-jitsu brasileiro, considerado o melhor do mundo.
G1
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