O delegado da Polícia Civil, José Wellington Rodrigues, vai recorrer à Justiça pra ficar no cargo por considerar que foi demitido ‘injustamente’ pelo governador Wilson Martins no final de fevereiro, após inquérito administrativo.
Para demiti-lo, Wilson Martins considerou advertência e suspensão que o delegado já tinha recebido, denúncias de abuso de autoridade e a quantidade de inquéritos policiais sem conclusão na Delegacia de São João do Piauí.
Em um desses casos de abuso de autoridade, José Wellington foi acusado de manter a senhora Leonor Maria Salvador da Silva presa ilegalmente, de tê-la agredido fisicamente e jogado-a no chão.
O delegado contesta essa agressão e enviou fotos ao 180graus, informando que ele ‘é que foi agredido’. Também disse que na época saíram reportagens em sites com o título ‘Mulher agride delegado’ e, mesmo assim, isso não foi levando em consideração pelo governador Wilson Martins.
‘A Corregedora não quis saber (movida ou orientada não sei porque). O Governador não leu (porque não tem tempo e confia nos auxiliares) e apenas assinou. Porém, o Poder Judiciário irá analisar profundamente que, de fato, aconteceu. E aí teremos o afastamento das ilegalidades cometidas pela corregedoria e a verdadeira e correta valoração das provas apresentadas no processo’, declarou.
Segundo o delegado, a senhora Leonor cometeu crime de desacato e lesão corporal contra um agente de polícia e contra ele próprio.
José Wellington vai apresentar, juntamente com sua defesa, vídeo que demonstram as agressões praticadas pela senhora, bem como fotos que comprovam os crimes cometidos, com as postadas abaixo.
O outro motivo de sua demissão do serviço público estadual é o relatório do Processo Administrativo Disciplinar apontando que ‘o servidor deixou de concluir mais de 100 Inquéritos em 2009 e mais de 100 em 2010, em que foram instaurados 118 e 157, respectivamente, porém só foram concluídos e encaminhados 06 Inquéritos em 2009 e 09 Inquéritos em 2010.’
Em sua defesa, José Wellington reconheceu que houve atrasos em inquéritos policiais, mas não por desídia sua. O ex-delegado diz que, na verdade, o que há na Delegacia de São João do Piauí ‘é uma absurda e completa falta de estrutura, notadamente, no que se refere a recursos humanos, o que tem gerado acúmulo sobre-humano de serviço e uma sobrecarga de trabalho aviltante. ’
Por conta disso, José Wellington afirma que era obrigado a exercer várias funções que não deveriam ser suas, incluindo confeccionar boletins de ocorrências, certidões de antecedentes, termos de andamentos processuais, autuação e confecção de capas de procedimentos, entrega de intimações, ordens de missão, relatórios, o que lhe impedia de concluir procedimentos no prazo legal. “Era obrigado a sair da delegacia até na mais simples ocorrência de um bêbado abusando em um bar”, afirmou o ex-delegado.
Na cópia de sua defesa apresentada junto à Corregedoria da Secretaria de Segurança, existiam na Delegacia de São João do Piauí apenas 04 policiais civis, sendo o plantão diário retirado por apenas 1 policial que, por força das circunstâncias, acaba tendo que trabalhar como uma espécie de ‘vigia’ da Delegacia.
Em sua defesa, o ex-delegado aponta também que a situação foi agravada com a cumulação, nos anos de 2007, 2008 e 2009, da Delegacia Regional de São Raimundo Nonato, composta por 26 municípios. Além disso, argumenta que a demanda da Delegacia de São João do Piauí é muito grande, não apenas pela grande quantidade de procedimentos policiais instaurados formalmente, mas também pela grande quantidade de atendimentos diários que era obrigado a realizar.
Por fim, o ex-delegado apresentou cópias de vários expedientes encaminhados à Secretaria de Segurança, em que reivindicava melhorias nas condições de trabalho da Delegacia de São João.
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