O delegado Itagiba Vieira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse na tarde desta quarta-feira (6) que a morte de Chorão não tem indício de suicídio. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, o vocalista estava com “mania de perseguição” e havia passado por quatro hotéis em cerca de uma semana.
“O Victor (segurança) falou que ele tinha mania de perseguição. Achava que estava sendo filmado e quebrava tudo”, comentou o delegado. “Ele passou por quatro hotéis em mais ou menos uma semana”, disse. O motivo da alternância de hotéis eram os desentendimentos com funcionários.
“Vamos ouvir os integrantes da banda e a família. Parentes disseram que ele estava deprimido por causa da separação. Não tem indício de suicídio”, disse Vieira em entrevista coletiva no DHPP.
A Polícia Civil suspeita que o vocalista do Charlie Brown Jr, tenha sido vítima de overdose de drogas. No apartamento do artista, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, foi encontrado um pó branco, que será periciado. Há suspeita de que seja cocaína. Também foram encontrados medicamentos, entre eles Lexotan.
Em foto do imóvel obtida pelo G1, é possível observar um pó branco ao lado de latas de refrigerante e bebidas alcóolicas. A existência dessa substância foi relatada no boletim de ocorrência registrado no 14º DP.
Segundo Vieira, a polícia coletou relatos de famíliares que afirmaram que Chorão dizia estar sendo perseguido e, por isso, toda vez que chegava ao imóvel em Pinheiros quebrava alguma coisa. “Por isso o estado de deterioração do apartamento”, disse.
Chorão foi encontrado desacordado na madrugada desta quarta-feira (6) por seu segurança e motorista.
O delegado Vieira disse acreditar que o vocalista já estivesse morto antes das 12h de terça-feira (5). Segundo o delegado, um vizinho teria ouvido barulho vindo do apartamento de Chorão durante a manhã de terça.
Família
Nesta manhã, a apresentadora Sônia Abrão, prima do cantor, contou que Chorão estava em depressão e reclamava de solidão.
Em entrevista ao site do programa Caldeirão do Huck, em dezembro de 2012, Chorão comentou sobre a separação ocorrida naquele fim de ano. “Foram muitos anos de relacionamento. Eu gosto muito dela, mas não tem jeito, chegou ao fim”, confessou na época.
Férias
A assessoria de imprensa da banda informou ao G1 que Chorão estava de férias e embarcaria para os Estados Unidos nos próximos dias. Ainda segundo a assessoria, o estado de saúde dele era bom.
O cantor e letrista, que faria 43 anos em 9 de abril, liderava a banda fundada por ele na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 15 anos de carreira, o Charlie Brown Jr lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.
Além de vocalista, Chorão era responsável pelas letras do Charlie Brown Jr e pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2005, o trabalho “Tâmo aí na atividade” foi premiado com o Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro, o que se repetiu em 2010 com “Camisa 10 joga bola até na chuva”.
No ano passado, o Charlie Brown Jr. lançou “Música Popular Caiçara”, álbum ao vivo que marcou o retorno dos integrantes Marcão e Champignon à banda. Eles haviam deixado o grupo em 2005. As apresentações aconteceram em Curitiba e Santos. A produção do trabalho foi feita por Liminha e os shows contam com a participação de Falcão (O Rappa), Zeca Baleiro e Marcelo Nova. Das 15 faixas do CD, a única gravada em estúdio é “Céu azul”.
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr que permaneceu no grupo em todas as suas fases. Paulistano, Chorão adotou a cidade de Santos desde a juventude, onde criou a banda. Seu apelido foi dado ainda na adolescência, quando ele não sabia andar de skate e ficava apenas olhando os amigos. Um deles, então, pediu que o jovem não chorasse. Segundo a GloboNews, a infância e a adolescência de Chorão foram difíceis por conta da separação dos pais, que aconteceu quando ele tinha 11 anos. O músico largou a escola na sétima na série.
G1
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