Tragédia anunciada em Araçatuba: um ano depois, a história se repete

Por Raquel Kobashi Gallinati Raquel Kobashi Gallinati, Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil No dia 30 de julho de 2020, há pouco mais de

Por Editoria Delegados

Por Raquel Kobashi Gallinati

Raquel Kobashi Gallinati, Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil

No dia 30 de julho de 2020, há pouco mais de um ano, criminosos transformaram Botucatu em um cenário de guerra, com tiroteio, armamento pesado e reféns. Na ocasião alertei que, sem empenho do Governo para equipar sua polícia investigativa, o interior paulista viveria sob risco permanente.

Hoje, a situação se repetiu em Araçatuba, onde criminosos dominaram a cidade e levaram terror aos seus 200 mil habitantes com rajadas de metralhadoras e explosivos. Um ano se passou e o Governo fez muito pouco para evitar essa nova ação criminosa.

Entre as ações de Botucatu e Araçatuba, o grupo criminoso agiu com mais tecnologia. Nesta madrugada, eles usaram explosivos com sensores de movimento e drones com câmeras para monitorar a movimentação da polícia.

Em um ano, o investimento na Polícia Civil se limitou, basicamente, à troca de pouquíssimas pistolas antigas por armas mais novas e a compra de algumas viaturas blindadas.

Muito pouco para o Estado mais rico do País. Ficou provado mais uma vez que a segurança pública não estava preparada para enfrentar os criminosos da forma como vieram. Ficou demonstrado que o Estado não detinha as informações necessárias para se antecipar à ação.

O governador abriu mini Deics por todo o interior, jogada de marketing que não veio acompanhada de nomeações e valorização salarial dos policiais. Uma prova de que somente a mudança de nomenclatura da estrutura organizacional não gera eficiência no combate ao crime organizado.

São Paulo não equipa e não contrata aprovados em concurso para que a Polícia Civil tenha condições de cumprir seu papel de polícia judiciária. Quando Doria assumiu como governador, faltavam de 13 mil policiais civis em São Paulo. Hoje faltam quase 15 mil.

A prevenção e repressão de crimes são tarefas do Estado. Das polícias civis e militares dos estados. Este crime é o reflexo do completo abandono da segurança pública por parte do governo paulista.

Crimes semelhantes já ocorrem em Guararema, Araraquara e Santos. Como há um ano, a resposta está em investir na estrutura de investigação da Polícia Civil e valorizar os policiais com salário justo, para antever e evitar esses crimes.

A ação precisa ser realizada com antecedência, por intermédio de investigação, para monitorar a comunicação dos integrantes do crime organizado, conhecer previamente o plano de ataque e efetuar as prisões antes do primeiro tiro.

Quando um grupo coloca nas ruas 30 criminosos com armamento pesado, explosivos e uma ação planejada, fica quase impossível que os policiais civis e militares que estão trabalhando no plantão da madrugada consigam responder à altura.

A Polícia Civil de São Paulo tem conhecimento técnico necessário para prevenir, mas sem tecnologia, recursos humanos e remuneração condizente, um trabalho de excelência é impossível.

Enquanto medidas efetivas não forem tomadas pelo governador para investir na sua polícia, fatos lamentáveis como os de hoje continuarão ocorrendo, levando medo ao coração dos paulistas.

A Polícia Civil do Estado de São Paulo sabe como prevenir e evitar. Basta agora que o Governo do Estado invista na segurança da população.

 

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