Sísifo e as olheiras do sistema policial

Por Emerson Wendt Delegado Emerson Wendt Desde o início da carreira sempre ouvia, dos entrevistadores, a mesma pergunta: tu não se cansa de enxugar o gelo? Lógico que a pergunta era relativa à criminalidade e ao retrabalho. Reputar como retrabalho

Por Editoria Delegados

Por Emerson Wendt

 Delegado Emerson Wendt

Desde o início da carreira sempre ouvia, dos entrevistadores, a mesma pergunta: tu não se cansa de enxugar o gelo? Lógico que a pergunta era relativa à criminalidade e ao retrabalho.

Reputar como retrabalho um processo natural e sistêmico de ‘fato criminal’, ‘investigação criminal’, ‘processo criminal’, ‘cumprimento da prisão’ e ‘liberdade’, seria desconsiderar a possibilidade de a sociedade reabsorver e tratar o que considera, convencionalmente, como um problema.

O sistema policial é o aparato da sociedade ‘designado’ para fazer o controle em nome da segurança e garantia de ordem. Mudam-se as regras, em regra, sempre buscando maior controle, especialmente no contexto contemporâneo.

Na ausência de políticas públicas voltadas à atenção social e às deficiências e carências materiais da população, as regras de cunho criminal são contingenciadoras dos problemas que a própria sociedade não pode sanar de outra forma.

O retrabalho, segundo Albert Camus, um castigo similar ao aplicado pelos deuses gregos à Sísifo: carregar o mesmo fardo até o final e voltar ao início, todos dias. O sistema policial sabe dessa condição, mas padece com as convenções sociais, com a sua lembrança tão-somente quando precisa de controle e segurança. As olheiras profundas e sombrias de quem faz esse trabalho em prol do sistema social espera dele uma comunicação que seja significativa e efetiva.

Sobre o autor

Emerson Wendt é delegado de Polícia Civi do Estado do Rio Grande do Sul, escritor de grandes obras jurídicas sobre crimes cibernéticos e secretário municipal de segurança pública de Canoas/RS.

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