São Paulo e Bahia “brigam” pelo título de pior salário de delegado do Brasil

Um levantamento solicitado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) revelou que os delegados de classe especial paulistas recebem o segundo menor salário do Brasil, com base em informações atualizadas até abril deste ano. Apesar

Por Editoria Delegados

Um levantamento solicitado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) revelou que os delegados de classe especial paulistas recebem o segundo menor salário do Brasil, com base em informações atualizadas até abril deste ano.

Apesar da remuneração considerar salário base, gratificações e adicionais, o padrão salarial dos delegados em São Paulo permanece abaixo da média nacional. A carreira na Polícia Civil paulista é dividida em quatro níveis: Terceira, Segunda, Primeira e Especial.

Atualmente, o “salário inicial” do delegado de Polícia Civil de São Paulo, de Terceira Classe, é R$ 15.037,99, enquanto a remuneração mais elevada, da Classe Especial, atinge apenas R$ 18.093,57. Esses dados sustentam a colocação do estado no ranking nacional de rendimentos da categoria (ver tabela abaixo).

A Secretaria da Segurança Pública (SSP), em comunicado, declarou que apresentou uma proposta de reajuste salarial para os policiais civis no início deste mês, com acréscimos que ultrapassam a inflação acumulada (veja íntegra da nota mais abaixo).

  • No nível mais alto da carreira, São Paulo figura na 26ª colocação (R$ 18.093,57), à frente apenas da Bahia (R$ 13.026,03);
  • As maiores remunerações são do Mato Grosso do Sul (R$ 42.994,28), Mato Grosso (R$ 42.471,66) e Paraná (R$ 41.845,48);
  • Para o salário inicial da Terceira Classe, SP está na 23ª posição (R$ 15.037,99), superando Sergipe (R$ 13,6 mil), Pernambuco (R$ 13,5 mil), Paraíba (R$ 13,3 mil) e Bahia (R$ 8,7 mil);
  • Os melhores vencimentos iniciais são ofertados por Mato Grosso (R$ 30,9 mil), Santa Catarina (R$ 27,7 mil) e Mato Grosso do Sul (R$ 27,5 mil).

Ranking de remuneração – Delegados Classe Especial

Segundo o relatório, em 18 estados a remuneração de entrada na carreira de delegado já supera o teto pago à Classe Especial em São Paulo.

O documento destaca que essa defasagem configura um “sinal de alerta sobre os impactos negativos na retenção de profissionais qualificados, na atratividade dos concursos e na viabilidade da política de segurança pública no estado”.

“Os delegados do estado economicamente mais robusto do Brasil enfrentam desvalorização acentuada. Uma remuneração competitiva ajuda a manter talentos. No último concurso da Polícia Civil, dos 353 aprovados que iniciaram o curso, apenas 310 concluíram a formação. Muitos solicitaram desligamento para assumir cargos mais vantajosos em outras corporações ou setores”, ressaltou André Santos Pereira, presidente da ADPESP.


Contraste com outras carreiras jurídicas no estado

O estudo evidencia ainda mais a discrepância ao comparar os rendimentos com os de outras funções jurídicas em São Paulo. Um dos maiores contrastes é com os vencimentos do Ministério Público e da Magistratura.

Tanto o promotor substituto quanto o juiz substituto recebem subsídio inicial de R$ 34.083,14 — praticamente o dobro do teto de um delegado paulista (R$ 18.093,57).

“Embora essas funções também exijam formação em Direito, experiência jurídica e aprovação em concursos altamente seletivos, [os delegados] enfrentam um cenário de remuneração nitidamente inferior”, pontua o parecer.

Para corrigir essa defasagem, o documento sugere que os delegados passem a receber por meio de subsídio — uma remuneração unificada que abrange todas as parcelas atuais, como vencimento base, adicionais por tempo de serviço e gratificações por insalubridade.

A proposta estipula que o valor dessa parcela única para a Classe Especial seja equiparado ao teto do Executivo estadual, atualmente correspondente ao salário do governador: R$ 34.572,89.


Salários da Polícia Civil de SP entre os mais baixos do país

O relatório “Raio-X dos profissionais de segurança pública”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em 2023, também classificou os rendimentos da Polícia Civil e dos agentes penais paulistas entre os menores do país.

Dados revelam que:

  • A média salarial bruta de um policial civil no Brasil era de R$ 13.342,36;

  • Investigadores paulistas recebiam, em média, R$ 9.830,92 — o 7º pior valor nacional;

  • Esse valor era inferior ao pago em estados como Acre (R$ 9.890,39), Minas Gerais (R$ 10.110,94) e Rio Grande do Norte (R$ 10.353,97);

  • Investigadores do Amazonas (R$ 21.831,49) recebiam cerca de R$ 12 mil a mais;

  • O Paraná apresentou a menor média: R$ 8.947,74.


Nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP)

“A atual gestão tem se empenhado em promover a valorização dos profissionais da segurança e a ampliação das condições de trabalho dos policiais. Com o reajuste proposto neste mês, a média de aumento acumulado dos vencimentos dos policiais civis é de 25,2%, ultrapassando a inflação de 15,10% medida pelo INPC nos últimos três anos.

Adicionalmente, foram implementadas medidas como a jornada especial para gestantes e lactantes e realizado investimento substancial em infraestrutura e equipamentos para as forças policiais. Apenas para a Polícia Civil, mais de R$ 227 milhões foram aplicados em viaturas, armamentos e na modernização de 43 unidades.

A SSP também concretizou a maior contratação de policiais dos últimos 14 anos, com 9,1 mil novos agentes, sendo 3,4 mil destinados à Polícia Civil. Outras 3,1 mil vagas estão sendo preenchidas pelo concurso em andamento”, informou a pasta.

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