Justiceiros de Copacabana

Por Raquel Gallinati Por Raquel Gallinati Em Copacabana, antes um refúgio sereno à beira-mar, a comunidade agora se destaca como protagonista em uma narrativa complexa de desespero e ação. Impulsionados pela crescente insegurança, grupos tornam-se desafiadores do status quo, transgredindo

Por Editoria Delegados

Por Raquel Gallinati

Por Raquel Gallinati

Em Copacabana, antes um refúgio sereno à beira-mar, a comunidade agora se destaca como protagonista em uma narrativa complexa de desespero e ação. Impulsionados pela crescente insegurança, grupos tornam-se desafiadores do status quo, transgredindo os limites legais, se tornando uma força de revolta contra a onda de crimes.

Os roubos perpetrados por marginais em Copacabana acendem a centelha que desperta uma sociedade cansada de esperar por respostas efetivas do Estado. Diante da inanição do poder público, o vazio deixa os moradores à mercê do medo e da indignação, e a resposta toma um caminho perigoso.

Os ‘justiceiros’ improvisados, em sua tentativa desesperada de restaurar a ordem, ultrapassam a fronteira ética e legal, enfrentando a complexa questão: até que ponto a necessidade de segurança pode justificar a transgressão da lei?

A sociedade, ao reagir à falha do Estado, inadvertidamente entra em território legalmente indefensável. O dilema dos ‘justiceiros’ se desenha na luta contra a insegurança porém comprometem valores fundamentais na preservação dos alicerces legais que definem uma democracia.

A sombra dos ‘justiceiros’ não é apenas uma revolta, mas também uma condenação silenciosa da ineficácia do sistema em proteger seus cidadãos, em um palco de contradições onde a ausência do Estado se assemelha perigosamente aos caminhos dos milicianos.

Na lacuna deixada pela ausência do Estado, os milicianos emergiram como figuras que inicialmente preenchiam o vazio de segurança e ordem. Em muitas comunidades, suas ações eram interpretadas como uma resposta às deficiências do aparato estatal. No entanto, à medida que o tempo avançou, essa percepção inicial de heroísmo cedeu lugar a uma realidade mais sombria. Hoje, os milicianos, longe de serem salvadores, revelaram-se tão perigosos quanto os próprios bandidos que inicialmente buscavam combater.

A transformação desse grupo, de supostos protetores a ameaças, levanta questões profundas sobre a dinâmica complexa entre a sociedade e as estruturas de poder. A ausência de uma presença estatal eficaz pode abrir espaço para a proliferação de grupos autônomos, inicialmente bem-intencionados, mas que, com o tempo, podem sucumbir à corrupção e à violência.

A dependência de alternativas informais, como justiceiros ou milicianos revela não apenas falhas no sistema de segurança, mas também uma necessidade premente de reformas estruturais que reafirmem a autoridade do Estado e assegurem a justiça.

A presença do Estado deve não apenas ser desejada, mas também efetivamente capaz de proteger e servir a população.

 

*Raquel Gallinati é delegada de polícia; pós-graduada em Ciências Penais, em Direito de Polícia Judiciária e em Processo Penal; mestre em Filosofia; diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil

DELEGADOS.com.br
Portal Nacional dos Delegados & Revista da Defesa Social

Veja mais

Delegados da PF reagem a discurso do deputado Coronel Meira contra delegada

Parlamentar proferiu insinuações misóginas, ofensivas e infundadas contra a Delegada de Polícia Federal Carla Patrícia

Delegados da PF reagem a ameaças de deputado licenciado e prometem responsabilização

Federação dos Delegados de Polícia Federal - Fenadepol - repudia declarações de deputado licenciado

Delegada não pode ser investigada por desclassificar tráfico de drogas para porte, decide juíza

Judiciário afirma que a decisão da autoridade policial foi devidamente justificada, respaldada por fundamentos legais, e não evidenciou qualquer desvio funcional

Homem é morto após ser flagrado com esposa de amigo e debochar da traição

(MT) Polícia Civil apurou que a médica foi ao hospital onde a vítima estava internada e apagou evidências. Ivan Bonotto foi esfaqueado e morreu

Governador do PI anuncia nomeação de 660 policiais militares e concurso para as polícias

(PI) Rafael Fonteles também confirmou um novo concurso para ingresso na corporação, em 2026, com previsão de mil vagas

Piauí anuncia instalação de 1.200 câmeras inteligentes para segurança pública

SPIA: Novo sistema de videomonitoramento com inteligência artificial será lançado por Rafael Fonteles em 16 de agosto O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, anunciou, nesta terça-feira (15),

Delegado é assassinado, mas na audiência de custódia a preocupação é se o assassino foi agredido

O delegado Márcio Mendes, da Polícia Civil do Maranhão, foi assassinado no dia 10 de julho de 2025 durante o cumprimento de um mandado de prisão. Dois policiais civis baleados.

Veja mais

ADEPOL-MA: CARTA ABERTA À SOCIEDADE MARANHENSE E AO GOVERNO DO ESTADO Diante do brutal assassinato do delegado Márcio Mendes, ocorrido durante o exercício de suas funções na zona rural de

11JUL25-MA-MARCIO

Caxias (MA), 11 de julho de 2025 – Uma operação policial na manhã desta quinta-feira (10), na zona rural de Caxias, terminou de forma trágica com a morte do delegado

09JUL25-RAQUEL-2

No Brasil, há uma realidade que raramente ganha espaço no debate público. Mais policiais morrem por suicídio do que em confrontos armados, seja durante o serviço ou nos dias de

Brasília (DF) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) publicou, no Diário Oficial da União desta segunda-feira (30), a Portaria nº 961, datada de 24 de junho de

Pix, gatonet e facções criminosas estão entre os principais alvos do megapacote de combate à criminalidade que será apresentado por secretários estaduais de segurança pública nesta semana, durante a I

POST-MELHORES-DELEGADOS-2025-RUCHESTER-MARREIROS

Ruchester Marreiros Barbosa foi aluno do doutorado em Direitos Humanos da Universidad Nacional Lomas de Zamora, Argentina, foi aluno do mestrado em Criminologia e Processo Penal da Universidade Cândido Mendes,

Thiago Frederico de Souza Costa é Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), de Classe Especial. É graduado em Direito e pós-graduado em Altos Estudos em Defesa, pela Escola

Veja mais