Juiz de Direito é chamado de ‘meio doido’ em petição, e advogada culpa estagiário

    “Verificar certinho se põe esse parágrafo, porque aquele juiz é meio doido”. A frase, perdida em uma petição que faz parte de um processo que corre no Segundo Juizado Especial Cível de Goiânia, está dando o que falar

Por Editoria Delegados

09out13-juiz-chamado-doido-2

 

 

“Verificar certinho se põe esse parágrafo, porque aquele juiz é meio doido”. A frase, perdida em uma petição que faz parte de um processo que corre no Segundo Juizado Especial Cível de Goiânia, está dando o que falar na internet. E tem dado, também, muita dor de cabeça à advogada Ana Paula Barbosa Ferreira, que assinou o texto, remetido no dia 19 de setembro. A reprodução foi enviada ao WhatsApp do EXTRA (21 9644-1263).

 

 

No dia 3 de outubro, o juiz Gustavo Assis Garcia, responsável pelo caso, remeteu um despacho em que pede explicações sobre o ocorrido. O magistrado deu um prazo de 48 horas para Ana Paula explicar nos autos “a quem se refere e o que pretende dizer” com o trecho em questão. A advogada, por sua vez, eximiu-se de culpa.

 

– Estou muito envergonhada, é um fato que tem me causado um constrangimento enorme, nunca imaginei que tomaria essa proporção. Isso foi colocado por engano na petição, foi um estagiário que utilizou um modelo que já existia – garantiu Ana Paula, acrescentando que estava viajando quando a petição foi remetida:

 

– No escritório em que eu trabalho, a minha senha é utilizada por todas as pessoas. E protocolaram. Eu, inclusive, não estava lá, isso aconteceu durante uma viagem de férias.

 

Realizando uma consulta ao site do Tribunal de Justiça de Goiás a partir do número do processo (7114600), é possível ver o passo a passo processual e acessar despachos feitos pelo juiz Gustavo Assis Garcia, inclusive aquele no qual ele exige um posicionamento por parte da advogada. Na última segunda-feira, às 18h38, Ana Paula protocolou uma petição com o nome “retratação e esclarecimento”.

 

– Fui convocada a prestar esclarecimentos, fiz uma nova petição, encaminhei e protocolei. Mas ainda não consegui falar pessoalmente com o juiz – contou ela, que traz na ponta da língua o que falaria ao magistrado:

 

– Pediria muitas desculpas e tentaria explicar que não fui eu a autora dessa frase, que jamais escreveria isso. Que quem escreveu não era para quem acabou direcionado, então não sei nem se é para ele que eu deveria pedir desculpas. Mas como o processo está sob a jurisdição dele, e foi a ele o endereçamento, é sim a ele que eu tenho que me retratar.

 

O EXTRA tentou contatar o juiz Gustavo Assis Garcia por telefone, mas uma parente do magistrado disse que ele não falaria e pediu que o juiz fosse procurado no próprio Juizado Especial Cível de Goiânia na tarde desta quarta-feira. Enquanto isso, embora a repercussão do caso ainda seja recente, Ana Paula convive com o medo de sofrer alguma sanção.

 

– Eu estou sendo prejudicada por um ato que nem fui eu que cometi. Não sei o que isso vai gerar pra mim. Eu posso responder na OAB, posso vir a responder judicialmente… Eu, em são consciência, jamais escreveria algo assim. Acho um desrespeito com a classe, e sempre agi com ética. Não colocaria em risco a minha profissão.

A íntegra do despacho do juiz Gutavo Assis Garcia, disponível para consulta no site do Tribunal de Justiça de Goiás

 

O processo

 

Ana Paula Barbosa Ferreira defende uma loja de colchões magnéticos de Goiânia num processo que começou a correr em março de 2011, inicialmente movido por dois clientes do estabelecimento. No dia 20 de agosto de 2013, contudo, o juiz Gustavo Assis Garcia determinou a inversão dos polos processuais (ou seja, a loja virou “promovente”, e os clientes tornaram-se “demandados”). O motivo da decisão do magistrado, que também intimou os clientes a pagarem R$ 1.350, foi o fato de um colchão ter sido devolvido aos vendedores “em péssimo estado de conservação”. O processo, em seguida, passou para a fase de “cumprimento de sentença”, entrando em sua etapa final. Até agora, pelo menos.

 

Portal Extra

 

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados

Veja mais

Delegados da PF reagem a discurso do deputado Coronel Meira contra delegada

Parlamentar proferiu insinuações misóginas, ofensivas e infundadas contra a Delegada de Polícia Federal Carla Patrícia

Delegados da PF reagem a ameaças de deputado licenciado e prometem responsabilização

Federação dos Delegados de Polícia Federal - Fenadepol - repudia declarações de deputado licenciado

Delegada não pode ser investigada por desclassificar tráfico de drogas para porte, decide juíza

Judiciário afirma que a decisão da autoridade policial foi devidamente justificada, respaldada por fundamentos legais, e não evidenciou qualquer desvio funcional

Homem é morto após ser flagrado com esposa de amigo e debochar da traição

(MT) Polícia Civil apurou que a médica foi ao hospital onde a vítima estava internada e apagou evidências. Ivan Bonotto foi esfaqueado e morreu

Governador do PI anuncia nomeação de 660 policiais militares e concurso para as polícias

(PI) Rafael Fonteles também confirmou um novo concurso para ingresso na corporação, em 2026, com previsão de mil vagas

Piauí anuncia instalação de 1.200 câmeras inteligentes para segurança pública

SPIA: Novo sistema de videomonitoramento com inteligência artificial será lançado por Rafael Fonteles em 16 de agosto O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, anunciou, nesta terça-feira (15),

Delegado é assassinado, mas na audiência de custódia a preocupação é se o assassino foi agredido

O delegado Márcio Mendes, da Polícia Civil do Maranhão, foi assassinado no dia 10 de julho de 2025 durante o cumprimento de um mandado de prisão. Dois policiais civis baleados.

Veja mais

ADEPOL-MA: CARTA ABERTA À SOCIEDADE MARANHENSE E AO GOVERNO DO ESTADO Diante do brutal assassinato do delegado Márcio Mendes, ocorrido durante o exercício de suas funções na zona rural de

11JUL25-MA-MARCIO

Caxias (MA), 11 de julho de 2025 – Uma operação policial na manhã desta quinta-feira (10), na zona rural de Caxias, terminou de forma trágica com a morte do delegado

09JUL25-RAQUEL-2

No Brasil, há uma realidade que raramente ganha espaço no debate público. Mais policiais morrem por suicídio do que em confrontos armados, seja durante o serviço ou nos dias de

Brasília (DF) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) publicou, no Diário Oficial da União desta segunda-feira (30), a Portaria nº 961, datada de 24 de junho de

Pix, gatonet e facções criminosas estão entre os principais alvos do megapacote de combate à criminalidade que será apresentado por secretários estaduais de segurança pública nesta semana, durante a I

POST-MELHORES-DELEGADOS-2025-RUCHESTER-MARREIROS

Ruchester Marreiros Barbosa foi aluno do doutorado em Direitos Humanos da Universidad Nacional Lomas de Zamora, Argentina, foi aluno do mestrado em Criminologia e Processo Penal da Universidade Cândido Mendes,

Thiago Frederico de Souza Costa é Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), de Classe Especial. É graduado em Direito e pós-graduado em Altos Estudos em Defesa, pela Escola

Veja mais