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Fazendeiros faziam “cota” para juntar R$ 10 milhões e tentar subornar delegado

por Editoria Delegados

MT: delegado Hércules Sodré, responsável pela Operação Terra Prometida

 

Um grupo de fazendeiros donos de lotes de um assentamento em Itanhaguá teria organizado uma “cota” para arrecadar R$ 10 milhões para oferecer ao delegado Hércules Ferreira Sodré, responsável pelas investigações da Operação Terra Prometida. As informações constam no inquérito da Justiça Federal, disponibilizado pelo juiz federal Fábio Henrique Rodrigues de Moraes Fiorenza, e foram prestadas por agentes da Polícia Federal que fizeram buscas no município.

De acordo com o documento, os empresários estariam levantando a quantia para tentar subornar o delegado, uma vez que previam “uma possível situação que os levariam a prejuízos materiais em função da perda de lotes comprados”.

 

A operação foi deflagrada no último dia 27, quando a Justiça Federal determinou o cumprimento de 52 mandados de prisão preventiva, sendo 20 comunicadas, 146 mandados de busca e apreensão e 29 medidas proibitivas em Cuiabá/MT, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde, no Mato Grosso.

 

Entre os presos estão os irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), sendo eles o secretário adjunto de Desenvolvimento da Agricultura Familiar da secretaria estadual de Agricultura e ex-prefeito de Tapurah, Milton Geller, e o fazendeiro Odair Geller. O ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz (PSDB), também está detido pela Polícia Federal.

O esquema de fraudes, grilagem de terras e pistolagem investigado pela Federal aconteceria por meio de uma “engrenagem” dividida em 4 núcleos, de forma que no “topo” aparecem os produtores rurais que, de forma ilegal, compravam ou grilavam áreas que se tornaram fazendas, conforme as investigações. Para isso, contavam com a ajuda de integrantes do Sindicato Rural de Itanhangá; servidores do Incra, entre outros colaboradores, como agentes políticos. Ao total, o esquema teria causado um prejuízo de R$ 1 bilhão ao erário.

A organização criminosa se dava por meio do aliciamento e/ou pressão contra os assentados, que vendiam as áreas por um preço menor do que o de mercado. Neste sentido, precisavam assinar um termo de desistência da área, que era encaminhado ao Incra. “Caso discorde, é ameaçado de morte e expulso do lote à força. Neste caso, o termo de desistência era fraudado e assinatura do posseiro é falsificada”, diz trecho do despacho da Justiça Federal.

 

RD News

 

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