São Paulo (SP) – Uma situação de assédio e perseguição contra uma mulher foi interrompida nesta segunda-feira (25/8) graças à pronta intervenção da delegada Raquel Gallinati, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) e integrante da Polícia Civil de São Paulo e 7 vezes na Lista das Melhores Delegadas de Polícia do Brasil. O caso ocorreu em uma academia localizada no bairro de Perdizes, zona oeste da capital, onde Gallinati realizava seus exercícios quando foi alertada sobre a presença de um homem que estaria intimidando a ex-companheira.
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O episódio foi registrado e compartilhado pela própria delegada em suas redes sociais, onde ela detalha a atuação. Segundo Gallinati, inicialmente o comportamento do homem chamou atenção por observar de forma invasiva uma das alunas. “Pensei se tratar de um aluno inconveniente, esperando que ela terminasse o exercício”, relatou.
Relato da delegada Raquel Gallinati
“Naquele instante, eu não tinha superioridade física sobre o agressor. Estava desarmada, e ele parecia mais forte. Mas a força que me sustentou não era a dos músculos — era a da postura. Encarei-o nos olhos, me impus e não recuei. E foi nesse confronto que a verdadeira fraqueza dele se revelou diante da minha determinação em proteger uma vítima de um criminoso. É preciso dizer: muitas vezes, conter um agressor não é algo que se faz sozinha. Nem sempre pedir ajuda é simples. Muitos preferem se omitir. Mas quando alguém ergue a voz para defender uma mulher, quando chama outros para perto, algo poderoso acontece: a solidão da vítima se quebra. Alguns se aproximam por consciência, outros por vergonha de não agir. Pouco importa a motivação. O resultado é o mesmo: a vítima já não está desamparada. Uma mulher pode — e deve — ajudar outra mulher. E toda a sociedade precisa compreender: violência contra a mulher não é drama particular, é uma chaga coletiva. Desta vez, a impunidade não venceu. Com a ajuda de professores e alunos, mantive o agressor sob vigilância e acionei rapidamente a Polícia Militar, que efetuou a prisão em flagrante. Que essa lição se propague: quando uma comunidade decide proteger uma mulher, nenhum agressor é suficientemente forte para escapar.”
Momentos depois, funcionários da academia a procuraram em estado de preocupação, informando que a mulher havia se trancado no banheiro, tomada por uma crise de pânico e em prantos. Eles explicaram que o homem era o ex-companheiro da vítima, que, mesmo residindo em localidade distante, havia se inscrito no estabelecimento e frequentava diferentes turnos em tentativa de cruzar com a ex-companheira.
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Diante da situação, Gallinati determinou que o suspeito deixasse imediatamente o local. Ele, no entanto, reagiu com desdém e fez comentários ofensivos sobre a Justiça, segundo ela. A própria vítima o advertiu de que sua conduta era criminosa, ao que ele respondeu de forma agressiva: “Não estou nem aí, foda-se”.
Para impedir a fuga do agressor, a delegada solicitou apoio de frequentadores e funcionários do local. “Disse: ‘Preciso de homens aqui, vocês vão permitir que esse covarde fuja?’”, recordou.
PM chegou rapidamente e efetuou prisão
A Polícia Militar foi acionada e chegou em poucos minutos, conduzindo o homem à delegacia. Conforme o relato da delegada, havia provas contundentes de perseguição, incluindo vigilância na residência da vítima, envio de presentes não solicitados e mensagens ameaçadoras.
“O comportamento dele deixava claro que a mulher estava presa em uma espiral de medo, sendo monitorada e assediada constantemente”, afirmou Gallinati, ressaltando o estado emocional extremamente fragilizado da vítima.
O suspeito foi preso em flagrante e permaneceu à disposição do Judiciário, respondendo por crime de perseguição e outros delitos correlatos. O caso reforça a importância do combate firme à violência psicológica e ao assédio contra mulheres, mesmo em espaços públicos.
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