Amado e invejado, delegado Nico chefia a Polícia Civil de SP sob holofotes

SP: Viaturas circulam no entorno da sede da Polícia Civil do Estado de São Paulo indicando a chegada de alguém importante. De uma TrailBlazer preta blindada, onde se lê em letras brancas “Delegado Geral”, desce um homem de 65 anos com distintivo vermelho no pescoço. É Osvaldo Nico Gonçalves. Viaturas circulam no entorno da […]

Por Editoria Delegados

SP: Viaturas circulam no entorno da sede da Polícia Civil do Estado de São Paulo indicando a chegada de alguém importante. De uma TrailBlazer preta blindada, onde se lê em letras brancas “Delegado Geral”, desce um homem de 65 anos com distintivo vermelho no pescoço. É Osvaldo Nico Gonçalves.

 

Viaturas circulam no entorno da sede da Polícia Civil do Estado de São Paulo indicando a chegada de alguém importante. De uma TrailBlazer preta blindada, onde se lê em letras brancas “Delegado Geral”, desce um homem de 65 anos com distintivo vermelho no pescoço. É Osvaldo Nico Gonçalves.

Vestindo calça de sarja azul-escuro e uma camisa de flanela no mesmo tom, Doutor Nico, como é conhecido, chega pendurado no celular. É aguardado por Ivalda Aleixo, 56, delegada titular da Divisão de Capturas, e Artur Dian, 48, delegado diretor do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas). Segundo a colega, Nico estava indignado com a agressão que circulou em vídeo um dia antes nas redes sociais. “Povo fica falando que ganhou destaque porque era procuradora. Mentira. A gente nem sabia que era procuradora, nem nada.”

 
A reportagem de TAB aproxima-se do trio, que confirma a captura de Demétrius Oliveira de Macedo, 34, o homem que aparece no vídeo espancando Gabriela Samadello Monteiro de Barros, 39, procuradora-geral de Registro (SP). “Fiquei acordado até 3h da manhã, indignado”, comenta o diretor-geral da polícia civil de São Paulo sobre o caso que chocou a internet.

A movimentação de policiais armados e câmeras despertam a curiosidade de quem passa. “Avisa que fulano hoje vai trabalhar em dobro”, aponta Nico para um dos policiais, enquanto anda, enérgico, de um lado para o outro. O senhor de 1,87m faz pausas para atender admiradores que pedem selfies — um deles, o advogado Fabio Costa, entrega seu cartão. Um jornalista não resiste e também pede uma foto. Um grupo de mulheres, ao saber da prisão, organiza-se por ali. “Covarde! Covarde!”, gritam.

Plantão dos bonitos

“Hoje é o plantão dos bonitos”, brinca um policial do Garra/Dope (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, que responde ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas), numa roda com dois colegas, todos armados. Eles rasgam elogios ao novo chefe. “Ele [Nico] sempre quer chegar primeiro. E ele chega.” Embora seja inverno no “plantão dos bonitos”, o termômetro marca 30°C no centro de São Paulo — onde fica a sede da Polícia Civil. Doutor Nico, sem cerimônia, desabotoa a camisa de flanela no meio da rua e circula falando ao celular com a barriga de fora. Nem de longe é um tanquinho, mas sua postura é enérgica para quem está na carreira há mais de 40 anos.

Nico troca a camisa de flanela por uma blusa preta, canelada, com o símbolo da corporação do lado esquerdo. Do lado direito, “DR.NICO – Delegado Geral”, costurado em amarelo. Beija uma cruz que carrega no peito, cumprimenta a imprensa e reaparece minutos depois dentro de uma viatura do Garra. Humilde, moderno e diferente de tudo “que a gente já viu” são alguns dos elogios ouvidos pela reportagem do TAB sobre o novo chefe.

 

Equipe da polícia civil com delegado Nico: à esq., Artur Dian, 48, do Dope, e Ivalda Aleixo, delegada titular da Divisão de Capturas

Jornalistas, policiais e populares misturam-se fotografando e filmando a cena. Nico posiciona-se em frente à porta de trás da viatura e chama a delegada Ivalda e mais dois policiais para a frente das câmeras. “Mais um trabalho da Polícia Civil de São Paulo. Quero agradecer aos investigadores da região de Registro, arredores, escrivães, os agentes. Nenhum crime aqui fica impune. Nós ‘tamo’ atrás, nós ‘tamo’ com sangue de polícia. Não dá, não dá pra deixar um crime desses impune. Isso é problema agora da Justiça, né. Nossa parte nós fizemos”, discursa para os microfones.

Questionado se o agressor, encontrado numa clínica, buscava tratamento, dá uma leve patada. “Isso tem que perguntar pra ele.” Questionado se Demétrius se entregou, dá uma invertida. “Foi preso, ô. Quer desmerecer o trabalho da polícia de São Paulo?”.

Ao TAB, a delegada Ivalda reforça que duas mulheres vão cumprir o mandado. “Uma escrivã e uma delegada.” Nico abre a porta para a saída de Demétrius, que veste moletom preto e uma máscara no rosto, e segue falando. Impede, assim, que jornalistas façam perguntas ao homem que desferiu chutes e socos na vítima. Emenda outro agradecimento, dessa vez para o delegado de polícia da equipe de Registro, Daniel Vaz Rocha, que corrige o chefe ao ser anunciado como investigador. “Ah, pô, o Daniel inclusive pediu a prisão preventiva ontem. Desculpa ter confundido.” Daniel minimiza e agradece: “É tudo polícia. Nosso trabalho de investigação, sem nenhum estardalhaço”. Jornalistas direcionam perguntas para o preso. “Vambora, vambora”, finaliza Nico, levando o agressor para prestar depoimento.

 
Um homem que chora

Os policiais abordados no dia 23 de junho não evitam a imprensa e o clima geral é de que o novo chefe está levantando a corporação. A delegada Ivalda Aleixo, 56, descreve Nico como agregador. “Causa inveja por ser muito querido. Muita gente fala ‘ah, mas o Nico não tem condições, disso, daquilo’. Mas por que? Porque ele é um cara extremamente simples. Nunca subiu à cabeça. Nesses 28 anos que o conheço, nunca o vi fazendo intriga.”

Na internet, “Doutor Nico” foi celebrado nos comentários. “Ninguém fica impune aí com O Doutor Nico!”, escreveu uma usuária.

Na última sexta-feira (24), Nico mais uma vez apareceu na televisão. O caso: um policial baleado ao reagir a um assalto em São Paulo. “Isso não pode acontecer aqui”, declarou o delegado. No sábado (25), o deputado federal Luis Miranda (Republicanos) postou nas suas redes uma imagem acompanhado do delegado-geral numa reunião com representantes do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal.

A expressão “resposta rápida” é uma das mais comuns quando observa-se o seu histórico de entrevistas. Combater o golpe do pix, considerado o novo sequestro-relâmpago, golpes em aplicativos de relacionamento e golpes de falsos entregadores estão entre suas prioridades como delegado-geral.

Uma das últimas vezes em que delegado Nico chorou foi quando libertou uma senhora de um cativeiro, vítima de um sequestro. “Uma das melhores sensações é libertar alguém do cativeiro.”


‘Não vai me expor, hein’

“Dizem que o Nico é ligado no 320V. Pois agora é no 420V.” É como Osvaldo Nico Gonçalves promete atuar, falando sobre si mesmo na terceira pessoa. Ele ocupa o cargo de delegado-geral desde abril. Antes responsável pelo Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), o paulistano criado no bairro do Ipiranga é um apaixonado pela Polícia Civil. “Um garoto que começou engraxando sapatos no 17º Distrito, depois lavava viatura. Eu queria ser policial.”

Casado e pai de três filhos, foge quando o assunto é vida pessoal, mas permite a entrada da reportagem na sua sala. “Onde vai sair isso aí? Não vou entrar nessa”, exclama. No seu espaço, Nico é o oposto do observado na rua. Apesar das críticas sobre ser midiático, o delegado-geral não gosta de dar entrevistas. “Não vai me expor, hein. Bora logo.” É tranquilizado pela reportagem quando informado sobre o dever do jornalista de respeitar o direito à intimidade do cidadão. Nico fica mais à vontade transportando um encarcerado ou falando como policial no momento da captura.

Curioso, insiste em saber o que falaram dele, com quem o TAB conversou. “Reclamaram disso, foi?”, pergunta, pensativo, sobre a falta de Wi-Fi na sala de imprensa. “Bora resolver?”, responde, preocupado.

Caso Grafite

O ano era 2005, uma quarta-feira à noite, jogo da Libertadores em São Paulo. O jornalista Gudryan Neufert, na época repórter esportivo na TV Record, estava no estádio do Morumbi acompanhando a partida quando o delegado Nico entrou em campo e deu voz de prisão ao jogador argentino Leandro Desábato. “Fiquei: nossa, quem é?”.

O caso de racismo contra Grafite, atacante do São Paulo, ganhou repercussão internacional. E foi a primeira vez que Neufert, hoje no SBT, tomou conhecimento do delegado Nico. “No dia seguinte, o jogador argentino dormiu na delegacia e todos os jornalistas passaram o dia por lá. E o Dr. Nico sempre disposto a dar entrevista. Daí surgiu essa [ideia] de que ele era midiático. Isso não era comum, chamou muita atenção.” O termo midiático passou, então, a acompanhar Nico que, segundo seus críticos, aparece demais. Neufert enxerga positivamente a postura do delegado-geral. “Prestar esclarecimento faz parte de quem ocupa cargo público.”

Mas Nico não apareceu na televisão em 2005. Ele ingressou na Polícia Civil em 1979 como investigador e o primeiro caso solucionado, envolvendo duas crianças vítimas de abuso, foi parar no programa do Gil Gomes. Dez anos depois, segundo consta no seu currículo, formou-se em direito pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas). Ingressou na carreira de delegado de polícia em 1992. No Grupo Especial de Resgate – GER (DEIC), unidade especializada na soltura e livramento de reféns, participou de 116 atuações. Em 2001, como delegado supervisor do GARRA/DEIC, participou da prisão do chefe da quadrilha que sequestrou o publicitário Washington Olivetto. Como delegado responsável pelo setor de capturas da Polícia de São Paulo, não faltam nomes famosos na sua lista — participou da prisão do ex-médico Roger Abdelmassih e do jornalista Pimenta Neves.

Viaturas em miniatura, livro de contos policiais e a admiração por ‘Scarface’ na sala do delegado Nico

‘Que você quer?’

Nico direciona frases inconclusivas a várias pessoas ao mesmo tempo. É difícil acompanhar o raciocínio do delegado-geral. “Nico facilita o trabalho da imprensa. Ele quer melhorar, também, as condições de trabalho dos jornalistas que estão todo dia no prédio”, defende Antonio Carlos, ex-repórter e hoje seu assessor. Silver, como é conhecido, teve contato com Nico no assalto à casa de Hebe Camargo. São trinta anos de amizade. Silver aponta orgulhoso uma dezena de álbuns de reportagens, organizadas em capa dura e intituladas “Casos de Repercussão”, todos realizados pelo amigo.

Pessoas ouvidas pelo TAB brincam que uma das primeiras ações de Nico após a posse foi personalizar a sala de 100 m² que ocupa na sede da corporação. Nas prateleiras, diversas referências ao filme “Scarface” — entre elas, bonecos do personagem Tony Montana, interpretado no clássico por Al Pacino. Nas paredes, imagens de casos de repercussão — como o sequestro de Patrícia Abravanel, filha e do apresentador Silvio Santos, em 2001 — fotos com grupos de policiais, foto no programa de José Luiz Datena. E uma nota destacando: “Delegado que prendeu Queiroz passa a integrar comissão no Santos” (o time de futebol). Em molduras, esses momentos dividem espaço com a camisa do time conhecido mundialmente por ter revelado Pelé.

“Tem mais um louco aí dizendo que matou [inaudível]”, interrompe. A possibilidade de um papo de meia hora com o delegado-geral num dia como esse — ou em qualquer outro, segundo sua entourage — é quase impossível. Basta virar as costas e ele some. “A agenda dele é de quinze em quinze minutos”, explica sua secretária. Nico muda o assunto quando perguntado sobre a situação do Santos e encerra, com seu jeito meio simpático, meio bruto, meio implacável, meio apressado, meio tiozão, a sessão de fotos. “Já tá bom. Vão fazer um filme? Posso ir embora?”.

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