Uma investigação da Polícia Civil do Mato Grosso revelou os bastidores de um crime premeditado, ocorrido em 22 de março, na cidade de Sorriso (MT), com características dignas de um enredo de novela. A apuração culminou na deflagração da Operação Inimigo Íntimo, realizada na manhã desta terça-feira (15/7).
Na data do crime, Ivan Michel Bonotto, 35 anos, deu entrada no Hospital 13 de Maio após ser esfaqueado diversas vezes em uma distribuidora de bebidas no bairro Residencial Village. Apesar de apresentar sinais de recuperação, ele faleceu em 13 de abril após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Inicialmente, o dono do estabelecimento — que também é marido da médica supostamente envolvida — afirmou à polícia que o caso era resultado de um desentendimento entre frequentadores por consumo de álcool. Na mesma linha, o autor das facadas se apresentou voluntariamente à delegacia e alegou legítima defesa, afirmando que a briga havia surgido espontaneamente no local.
No entanto, as investigações desmontaram essas versões. A Polícia Civil apurou que Ivan mantinha uma relação próxima com o casal, inclusive hospedando-se com frequência na casa dos dois em Sorriso. Posteriormente, descobriu-se que ele estaria se envolvendo amorosamente com a médica, esposa do proprietário da distribuidora.
Com isso, o marido, ao descobrir a traição, teria contratado um executor para matar Ivan. A intenção era simular uma briga de bar para encobrir o homicídio premeditado. Entretanto, imagens das câmeras de segurança revelaram que a vítima foi atraída ao local e surpreendida com golpes pelas costas.
Conforme apurado, a médica também teve participação ativa no encobrimento do crime. Poucos minutos após a chegada de Ivan ao hospital, ela apareceu na unidade alegando ser apenas “amiga” da vítima. Usando seu acesso privilegiado, subtraiu o celular de Ivan com o objetivo de eliminar provas que ligassem o casal ao crime.
No período em que esteve com o aparelho, a médica apagou mensagens, fotos e até um vídeo que mostrava o executor. Só três dias depois o dispositivo foi entregue à família, e ela declarou ter deletado conteúdos para “proteger” Ivan.
Segundo o delegado Bruno França, que conduz o inquérito, “as investigações evidenciaram que a médica foi responsável por arquitetar a fraude processual, promovendo atos deliberados para obstruir a apuração policial”.
A Justiça da 1ª Vara Criminal de Sorriso expediu dois mandados de prisão temporária e três de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, por crimes de homicídio qualificado e fraude processual. Entre os alvos estão o executor, o mandante — marido da médica — e a própria profissional de saúde.
As apurações continuam em curso para esclarecer todos os elementos e responsabilidades dos envolvidos.
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