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Skudlark vai instituir delegacia de crimes cibernéticos

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

SANTA CATARINA
Skudlark vai instituir delegacia de crimes cibernéticos

SANTA CATARINA

Delegado-chefe da Polícia Civil, Maurício Skudlark, anunciou ação contra crimes virtuais.

Santa Catarina deve contar, em até dois meses, com a primeira delegacia especializada em crimes cibernéticos (praticados pela internet). O anúncio foi feito pelo delegado-chefe da corporação, Maurício Skudlark, em entrevista exibida no programa Estúdio Santa Catarina, da RBS TV, no domingo à noite.

Até o início dos trabalhos, o Estado segue vulnerável à ação de bandidos que atuam pela rede mundial de computadores.

{loadposition adsensenoticia}Atualmente, cinco policiais da Divisão Antisequestro da Diretoria Estadual de Investigação Criminal (Deic) são os únicos responsáveis pela investigação nos casos policiais que envolvem crimes do tipo.

Nenhum deles recebeu treinamento técnico e faltam equipamentos para auxiliar no serviço. Ainda sim, o grupo conseguiu prender uma quadrilha de pedófilos que agia no Estado no final de 2009.

Por conta das dificuldades encontradas, foram mais de nove meses entre o início das investigações e as prisões dos suspeitos, ressalta o delegado Renato Hendges, da Deic.

Ministério Público também enfrenta problema

A falta de infraestrutura também se repete no Ministério Público de Santa Catarina, onde falta capacitação aos profissionais que atuam nas promotorias. Nenhuma delas é especializada na área.

Em todo o país, apenas no Rio de Janeiro há um setor para tratar de crimes do tipo.

— É muito difícil se responsabilizar alguém. As provas técnicas ainda são muito deficientes para promover uma certeza penal — destaca Alexandre Rosa, juiz da 4ª Vara Criminal de Florianópolis.

O promotor Max Zuffo aponta o treinamento dos profissionais do órgão como a solução para o problema. Associado à capacitação, ressalta o juiz Alexandre Rosa, é necessária uma mudança na lei.

— Precisamos de tipos penais específicos, para que possamos ajustála a essa nova conduta, no mundo virtual — explica.

O projeto de lei contra crimes de informática ainda está em fase de análise pelo Senado e a Câmara em Brasília. Não há previsão para a aprovação da proposta.

O material, segundo o deputado federal Júlio Semeguini, relator do projeto, pode voltar à estaca zero caso senadores e deputados não cheguem a um consenso sobre conteúdo.

Como agem os criminosos na internet

Um dos maiores problemas da polícia na hora de identificar os criminosos que utilizam a internet para cometer crimes é a chamada “transnacionalidade”: quando um suspeito no Brasil utiliza computadores em outras partes do mundo para aplicar golpes.

A ação dificulta a identifcação dele pela polícia, que esbarra na burocracia para conseguir dados em outros países. Como exemplo: o criminoso pode estar no Brasil, usar um provedor nos Estados Unidos, e fazer ataques a empresas ou bancos de outros países roubando assim dados e dinheiro de clientes de todo o mundo.

Vítimas ficam desamparadas

Como não existe um setor específico sobre os crimes na internet no Estado, não existem estatísticas, mas sabe-se que estão cada vez mais comuns os golpes envolvendo contas bancárias invadidas, espionagem, pirataria e pedofilia.

Sem saber a quem recorrer, muitas vítimas sequer registram os crimes junto à polícia.

— Não se sabe quem foi, contra quem você vai registrar a queixa. Nessa época o banco resolveu abafar o caso porque teria o que fazer — relembra a auxiliar administrativa Aparecida Mendes, que teve a conta invadida.

Outros crimes

O advogado criminalista Macial Colli, especializado em crimes cibernéticos, explica que uma nova legislação sobre o tema deve prever ações que ainda não são consideradas ilegais, como o envio em massa de e-mails não solicitados (spams), a invasão de sistema e a difusão de vírus.

DC

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