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Quem é o novo secretário de defesa social

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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PERNAMBUCO
Quem é o novo secretário de defesa social
Wilson Sales Damázio

PERNAMBUCO

{loadposition adsensenoticia}Wilson Sales Damázio, Bacharel em direito começou a trabalhar cedo: aos 12 anos já prestava serviços à Marinha foi Agente da Polícia Civil de Pernambuco, também foi Delegado da propria Polícia Civil, é Delegado da Polícia Federal onde ocupou o cargo de Superintendente da PF por duas vezes em Pernambuco a última no biênio 2002/2004, o mesmo tem quase 40 anos de atividade policial.

Ultimamente era Diretor Geral do Departamento Penitenciário Federal, já havia sido convidado em outra ocasião pelo Governador Eduardo Campos mas por algum motivo não aceitou o convite desta vez resolveu aceitar.

Combate ao crack como meta do novo secretário

A cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS) ganha novos ares e também um novo desafio: o combate feroz ao crack, droga que tem sido a principal dor de cabeça de famílias de dependentes e dos governos estaduais país afora. Quem passa a tarefa de casa é o novo secretário da pasta, Wilson Damázio, que tomou posse ontem no Palácio do Campo das Princesas, no lugar de Servilho Paiva.

Na mesma ocasião, também houve a posse do comandante geral da PM, coronel Antônio Carlos Tavares Lira, que ficou no lugar do coronel José Lopes. Damázio, que já foi por duas vezes superintendente da PF no estado, usará sua experiência na área de narcotráfico nas ações de combate ao tráfico da droga. Ele também avisou que continuará com a política de redução de homicídios no estado. Na sua opinião, comércio de drogas e assassinatos andam juntos e por isso precisam ser alvo do mesmo embate.

Damázio assume a pasta, uma das mais pesadas de qualquer governo, em um momento confortável, onde os índices de homicídios vêm caindo pelo 16º mês consecutivo depois de um trabalho que vinha sendo levado à frente pelo ex-secretário Servilho Paiva. Talvez por isso a decisão de priorizar também o tráfico de drogas, que sempre foi o seu forte enquanto atuou nos quadros da Polícia Federal. Ele é o quarto policial federal a assumir a SDS em Pernambuco, continuando o foco em ações de inteligência.

Para o novo secretário, o trabalho dos setores de inteligência das polícias Civil, Militar, Federal e da própria Polícia Rodoviária Federal serão de extrema importância nesse combate ao crack. Ele defendeu, inclusive, a troca de informações entre todos, para o melhor desempenho nas investigações. A ação, segundo Damázio, não será concentrada apenas no chamado Polígono da Maconha, que além da erva também vive hoje dos lucros oriundos do crack. O combate estará nas estradas também, por onde é transportado o entorpecente oriundo de outros países, como Bolívia e Colômbia. Daí a importância da participação da Polícia Rodoviária Federal.

Números preocupantes – Dados do Departamento de Repressão ao Narcotráfico da Polícia Civil apontam que a apreensão de cocaína, pasta base de cocaína e crack vem aumentando em Pernambuco. Em 2007, foram 8 quilos; em 2008, 16 quilos e em 2009, 64 quilos. Este ano, até março, o número já passou dos 30 quilos. O crescimento, segundo o delegado da especializada, Luís Andrey, tem relação com o fortalecimento do trabalho de repressão da Polícia Civil e com o aumento da oferta do entorpecente.

Um estudo da própria Polícia Civil, feito pela delegada de Homicídios Silvana Lélis, apontou que o tráfico e o enriquecimento rápido estão diretamente ligados aos homicídios enquanto a compulsão pelo consumo remete a crimes patrimoniais. Uma pessoa dependente consome de 10 a 30 pedras por noite, segundo cálculos da delegada, o que significa, em média, R$ 1 mil por mês pagos ao traficante. O gasto é incompatível com a renda das classes mais desfavorecidas, o que leva muitos a praticarem atividades ilícitas para ter a droga.

O crack não é só problema de segurança pública. Tem afligido famílias de todas as classes sociais que muitas vezes não sabem como solucionar a questão. Em estágio avançado, o dependente vende os próprios bens para sustentar o vício, se afasta do convívio social e familiar e somente tem chances de escapar do problema através de internamento.
Diario de Pernambuco

Entrevista – Wilson Damázio

“Seremos firmes contra as drogas”

Qual o seu principal projeto para a segurança pública em Pernambuco?

A ideia é atacar com firmeza o problema das drogas, não somente no Polígono da Maconha, mas em todo o estado e principalmente o crack. Os crimes contra a pessoa, os homicídios, são os que mais nos preocupam em Pernambuco. Mas os índices estão melhorando e vamos trabalhar duro para reduzir ainda mais esse número de mortes. Tenho que saber o que já acontece para não haver sobreposição de ações. Mas com certeza vamos fazer um trabalho preventivo junto às comunidades, ações de ressocialização de egressos do sistema prisional. Vamos ter que sentar e fazer projetos.

A indicação para secretário foi uma surpresa para o senhor?

Bem, da forma como foi feito o convite, sim, porque eu estava no estado visitando minha filha, que mora em Pernambuco, quando recebi uma ligação do governador dizendo que queria conversar comigo. Não podia me furtar e aceitei o convite. Para o Ministério da Justiça, foi uma surpresa grande. A gente vinha tocando o sistema penitenciário nacional de forma exitosa, mas tudo tem sua hora e seu tempo. Agora é a hora de voltar a me dedicar aqui no estado.

O senhor já foi sondado para o cargo outras vezes…

Acho que Deus sabe o que faz. Quanto aos outros convites, alguns não aceitei. Outros só foi sondagem. Já esse convite foi efetivo. O governador me chamou na casa dele.

O senhor vai pedir colaboração da Polícia Federal?

Sobre isso conversei no domingo com o doutor Luis Fernando Correia, que é diretor geral da Polícia Federal, com o doutor Paulo de Tarso, superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, e também já fui vice-diretor do órgão e assumi vários outros cargos e isso vai facilitar muito a integração. Acho que o combate ao crime organizado nacional e transnacional tem que envolver uma rede de órgãos da segurança, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

De que forma a Polícia Rodoviária Federal trabalharia?

A Polícia Rodoviária Federal domina a malha rodoviária federal. A droga que sai da Bolívia, do Paraguai, vem de rodovias e o policiamento na rodovia, o trabalho de inteligência, é de fundamental importância. O sistema estadual de inteligência tem que estar integrado de forma a agir pró ativamente. Não é porque o crime não é da competência da Polícia Federal que ela não vai passar informação para a Polícia Civil ou para a Polícia Militar e vice-versa.

Vai haver mudança no escalão da SDS?

A princípio vamos sentar e analisar a equipe. Ver o perfil de cada um. Se for necessário, faremos mudanças. Senão, continuaremos com a equipe.

O que falta na política de segurança do estado?

Não tenho opinião formada sobre isso. Pelo que vi em Pernambuco, a política está ótima e a gente vem com nossa experiência para melhorar.

O senhor já tem um nome para secretário executivo?

Nós vamos conversar com Cláudio Lima. Saber se ele quer sair, como falou, e vamos pensar em um outro nome se ele não quiser continuar.

Qual a cara que o senhor quer dar para a SDS?

A SDS tem que ser e agir como polícia cidadã, mais próxima da comunidade, que é o mote nacional. A Polícia Civil Judiciária tem que estar voltada para a qualidade das provas. Isso é muito importante e por aí passa a Polícia Científica. A qualidade dos laudos é muito importante para que possamos prender e depois condenar.

E a relação com a Polícia Militar?

Minha experiência vem desde que eu era delegado de entorpecentes. Via de regra sei da importância do apoio da Polícia Militar. Os bandidos estão unidos, uma quadrilha ajuda a outra com armas, drogas. Então temos que nos unir mais ainda.

Fábio Gaudêncio

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social
Portal Nacional dos Delegados

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