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Quadrilha presa queria transferir R$ 46 milhões para MT

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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BRASÍLIA
Quadrilha presa queria transferir R$ 46 milhões para MT

BRASÍLIA

A Polícia Civil de Brasília investiga uma tentativa de furto de R$ 46 milhões em dinheiro vivo. O crime envolveria agências bancárias de Brasília e Mato Grosso. As vítimas seriam clientes do Banco do Brasil em vários Estados. Os suspeitos caíram de bandeja na mão da polícia e o golpe não foi concretizado. Três foram presos nesta quarta-feira (13), por volta das 12h, horário de Brasília e não foi preciso disparar um tiro.

A polícia acredita que Valdir Bispo Pereira, Marcelo Rodrigues Gomes, ambos de 39 anos, e Vilma Alves Nunes, 35, fazem parte de uma grande quadrilha que age em todo o Brasil. O rombo pode ser bem maior do que os R$ 46 milhões que eles queriam transferir ontem para contas de outros suspeitos de integrar o bando. Um grande detalhe é que a maioria das contas, pelo menos 60% das contas que receberiam o dinheiro furtado, é de agências de Várzea Grande.

A operação da quadrilha era simples: transferir o dinheiro das contas de vários clientes com um bom saldo bancário para as contas de vários comparsas, que, segundo a polícia também, devem integrar a quadrilha. Tudo seria feito sem violência física, sem disparar nenhum tiro. A operação seria rápida e poderia durar poucos minutos, simulando, inicialmente, uma operação legal. Aí é que entra a estatégia dos bandidos e o grande quebra cabeça que a polícia tenta descobrir.

Para transferir o dinheiro, os bandidos estavam de posse de uma senha do gerente de uma das agências do Banco do Brasil em Várzea Grande e todas as informações técnicas de segurança exigidas para eles entrarem em qualquer conta e concluir qualquer operação.

Outro detalhe: eles também estavam de posse de todos os números e dados de dezenas de contas de onde eles iriam retirar o dinheiro, ou seja, os dados das vítimas, e também estavam de posse de todos os números de contas para onde a fortuna seria transferida.

Como eles conseguiram todas essas informações? Esse é o grande ponto de interrogação que a polícia tenta esclarecer. “Eles podem ter comprado essas inforamações de alguém, ou talvez tenha uma parte no grupo só para levantar essas informações. Isso é que a gente investiga agora”, disse a delegada da Polícia Civil do Distrito Federal, Vera Lúcia da Silva, em entrevista ao site da TV Centro América.

A assessoria de comunicação da Superintendência do Banco do Brasil, em Mato Grosso, confirmou que o banco tem conhecimento do caso e está colaborando com a Polícia Civil. Ainda segundo a assessoria, o banco também está fazendo uma investigação interna e que não poderia dar outras informações neste momento.

Prisão

Segundo a chefe da 11ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal – Núcleo Bandeirante, delegado Vera Lúcia da Silva, na terça-feira (12), Valdir Bispo Pereira, Marcelo Rodrigues Gomes e Vilma Alves Nunes abordaram um funcionário do Banco do Brasil que trabalha na agência que fica no Núcleo Bandeirante, distante 12 quilômetros do centro da Capital Federal.

O funcionário deixava uma lanchonete depois de almoçar, quando foi abordado pelos três. Os suspeitos foram direto ao assunto, contaram logo para o funcionário que se tratava de um furto e para isso precisavam da ajuda dele. Em posse de todas as senhas, o escriturário do Banco do Brasil deveria entrar nas contas e fazer a transferência. Ele receberia R$ 500 mil para ajudar a quadrilha a aplicar o golpe. “Veja que os bandidos já tinham conhecimento da rotina do funcionário do banco e o abordaram na hora que ele voltava para retomar o trabalho na agência”, contou a delegada.

Assustado, mas também com muito medo, o funcionário concordou, mas disse que não poderia fazer naquele dia. Precisava de um pouco de tranquilidade para planejar a ação. Ele convenceu os três integrantes da quadrilha a voltarem no outro dia para consumar a transferência. Mas, o funcionário foi ao gerente da agência e contou tudo o que tinha acontecido. O gerente do banco comunicou a polícia, que montou um esquema para prender os suspeitos.

Na quarta-feira (13), por volta das 12h, eles voltaram à agência, procuraram o funcionário e se dirigiram até um caixa para dar início às transferências. Nesse momento, a Polícia Civil invadiu a agência e prendeu os três em flagrante.

Os três suspeitos estavam com vários telefones celulares e, como não ocorreu a transferência do dinheiro, os outros cúmplices do golpe começaram a ligar e reclamar que o dinheiro não havia entrado na conta. A polícia acompanhava as ligações dentro da delegacia, foram dezenas e todos tiveram os números identificados pela polícia.

A investigação quer encontrar agora os donos desses telefones que estavam em Várzea Grande, apavorados, ligando toda hora para reclamar que a transferência não havia sido confirmada.

Investigação em Mato Grosso

A Polícia Civil de Mato Grosso disse que não tem conhecimento do caso e não foi contactada sobre qualquer investigação do assunto. Mas, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, a polícia mato-grossense deve ser chamada para colaborar.

Funcionários das agências do Banco do Brasil em Mato Grosso que seriam envolvidas na ação criminosa devem ser ouvidos pela polícia. A investigação também terá que identificar os titulares das contas que seriam beneficiadas com o dinheiro do crime em Mato Grosso.

Outro desafio da polícia é encontrar as pessoas que telefonaram para os integrantes da quadrilha em Brasília reclamando que o dinheiro não havia chegado.

Segundo a polícia, os três presos em Brasília estão no Departameno de Polícia Especializada. Nos depoimentos dados até o momento, eles negam qualquer crime. Afirmam o tempo todo que estavam na agência apenas para abrir uma conta bancária, e que não têm conhecimento dessa história de transferência de dinheiro.

Disseram, também, que não se conhecem. A delegada afirmou que não serão necessários novos depoimentos para fechar o inquérito. “Os próximos passos da investigação darão subsídio para fecharmos o inqérito”, disse.

Os presos já têm passagens por estelionato e tráfico de drogas. Nos próximos dias podem ocorrer novas prisões em Mato Gosso e outro estados. A polícia acredita que os dois homens e a mulher, presos em Brasília fazem parte de uma grande quadrilha. Outros golpes semelhantes podem ter sido aplicados em diversos estados, inclusive alcançando sucesso na ação criminosa, causando um grande rombo nas contas do banco.

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