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Para delegado, houve falta de ética dos promotores

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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RIO GRANDE DO SUL

Para delegado, houve falta de ética

Promotores não tiveram

RIO GRANDE DO SUL

 

Uma hora após o término da entrevista concedida pelo Ministério Público (MP), delegados da Polícia Civil se reuniram para defender a investigação que comandaram no Caso Eliseu e, principalmente, para desacreditar os indícios apresentados pelos promotores.



Delegados Heliomar Franco, Bolivar Llantada, Ranolfo Vieira Júnior, Alexandre Vieira e Leonel Carivali reuniram a imprensa para defender a investigação policial e contestar denúncia do Ministério Público

 

 

 

 

Coordenado pelo diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Ranolfo Vieira Júnior, o encontro teve tom de desagravo e muita raiva. Um dos trechos que mais revoltou os policiais foi a fala da promotora Lúcia Helena Callegari apontando a pressa como o fator que os afastou da tese de homicídio, defendida pelo MP.

{loadposition adsensenoticia}O delegado criticou a postura dos promotores da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital que afirmaram pouco antes que a equipe da Delegacia de Homicídios foi precipitada ao abandonar a tese de homicídios em detrimento da versão de latrocínio (roubo com morte).

– A ética foi ferida de morte. Insinuaram que pessoas foram protegidas ao longo da investigação por nossos agentes. Foram levianos. Os promotores preferiram ainda não passar os mandados de prisão para nós, pedindo ajuda à Brigada Militar – disse.

Parte da entrevista foi dedicada à descaracterização dos indícios apresentados pelo MP como provas de que o crime se trata de um homicídio. Ranolfo chegou a ironizar a declaração dos promotores sobre o fato de Eliseu Pompeu Gomes ter sido reconhecido como homem que fazia a segurança de Jorge Renato Hordoff de Mello em 9 de abril, quando o dono da Reação teria ameaçado um funcionário da Secretaria da Saúde. Para o MP, o reconhecimento é uma prova de que assaltante e Mello se conheciam.

– Ele foi reconhecido pelo seu nariz, segundo a promotora Lúcia Callegari. É risível. Esse suspeito não tem porte para ser segurança nem de time de botão, como seria o guarda-costas de um dono de empresa de segurança?

O delegado também rebateu a tese do MP de que o homem que aparece nas imagens do Zaffari no momento da morte de Eliseu, supostamente sacando uma arma das costas, seria Marcelo Dias Souza, cunhado da técnica em enfermagem que socorreu Gomes, baleado pelo secretário. Segundo Ranolfo, as imagens mostram um homem fazendo a menção de pegar algo com a mão esquerda nas costas, mas o acusado é destro.

Sobre o fato de um irmão de Gomes ter trabalhado como segurança na Reação por dois meses, o que seria para o MP outro elo entre o assaltante e o suposto mandante do crime, também foi pouco valorizado pelo delegado:

– Isso não prova que Gomes e Mello se conheciam, tampouco que tramaram um crime de morte. Desde o início, o MP pressionou a polícia para que prevalecesse a tese do homicídio. No dia 5 de março, uma reunião na sede do MP marcou o início dessa pressão.

Dúvidas

NO INQUÉRITO POLICIAL
Pontos que ainda merecem uma resposta convincente:

1 Por que o dono da empresa Reação e seu gerente não foram ouvidos pelos policiais sobre a morte de Eliseu Santos, se ele próprio se queixou de que estaria sendo ameaçado pelos donos da firma de vigilância?

2 Por que o inquérito foi remetido à Justiça antes da chegada dos extratos referentes à quebra de sigilos bancário e telefônico? Havia urgência porque os suspeitos estavam presos, mas não seria mais correto pedir a prorrogação das prisões, ao invés de concluir o inquérito de forma acelerada?

3 Por que só agora a Polícia Civil reclamou ter sido pressionada pelo Ministério Público?

NA DENÚNCIA DO MP

1 Que provas se tem de que Marco Antônio Bernardes, assessor de Eliseu Santos, se uniu aos empresários da Reação? Foram esses mesmos empresários que arruinaram sua carreira na Secretaria de Saúde. Teria se unido aos homens que o incriminaram? Para quê?

2 Não há confissão ou testemunho apontando que os matadores agiram sob contrato. Há apenas indícios de que os empresários suspeitos de mandar assassinar Eliseu conhecessem um dos supostos assassinos. Não é pouco?

3 O quarto homem na cena do crime estaria empunhando uma arma com a mão esquerda. Mas aquele que os promotores apontam como sendo esse homem (conforme imagens de vídeo), o receptador de veículos roubados Marcelo Dias Souza, é destro. Como explicar isso?

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