Início » O desprezo da sociedade com a polícia

O desprezo da sociedade com a polícia

por Editoria Delegados

Por Aurílio Nascimento


Cassia Roth é americana, PhD em História da América Latina e, por força de suas pesquisas, vinha constantemente à Cidade Maravilhosa. Aqui, conheceu e se apaixonou por um brasileiro, Clayton Fagner Alves Dias. Após três anos de namoro, o casamento foi marcado, mas nunca se realizou. Clayton, aos30 anos, foi brutalmente assassinado na Ilha do Governador com vários tiros nas costas, durante a tentativa de roubo da motocicleta que pilotava. Clayton era um policial militar. Em artigos publicados, Cassia expõe a revolta com a perda do seu amado, mas também com o descaso de pessoas do seu círculo de amizade que demonstravam surpresa quando tomavam conhecimento de que ela namorava um policial. Você está namorando um policial? Vai casar com um policial? Em uma matéria publicada pelo Portal G1, Cassia diz que ficou enfurecida quando uma acadêmica, após a morte de Clayton, lhe falou: “Vamos te arrumar um outro brasileiro que não seja policial militar”.

O episódio demonstra bem como se construiu e como se mantém o desprezo da sociedade com os policiais. A indiferença e o descaso com os assassinatos diários, daqueles que colocam a vida todos os dias em risco para defender a vida e o patrimônio de todos, não só foi construído anos a anos com base na ideologia de Gramsci. Existe a grande ajuda de ólogos e ólogas que diariamente, a pretexto de defender os chamados direitos humanos, escondem de suas falas que o ser humano é por natureza violento, forçando o entendimento de que apenas policiais usam da força.

No limite da paciência com o recorrente discurso contra policiais, um comandante da PM afirmou que se coloca para a sociedade que policiais são seres extraterrestres, que estão na terra apenas para praticar a violência, a corrupção, o desrespeito para com qualquer um. Examinando o que se propala diariamente, parece que o Planeta Terra – ou, mais precisamente, o Rio de Janeiro e outras capitais – era o habitat de pessoas honestas, sensatas, preocupadas com seus semelhantes, cumpridoras da lei, quando então surge a polícia para estragar tudo. Não! Policiais não são naturais de Marte. Não embarcaram em uma espaçonave com destino à Terra para atazanar a vida dos que aqui viviam em paz.

A polícia imperfeita é apenas um extrato da sociedade imperfeita, consumista, egoísta, que elegeu o hedonismo como lei suprema, e aqui em nossa terra com um adendo apimentado: levar vantagem em tudo.

A mistura pútrida de ideologia anacrônica, utilizada de forma subliminar, com argumentos manipulados de fácil aceitação pela sociedade inculta, dá sustentação ao desprezo pela vida dos policiais. Somos descartáveis. Choramos em silêncio a morte dos nossos, diante da indiferença da maioria. Mesmo assim, não recuamos. Tenho certeza que Lemos, Paquetá, Luiz Carlos e tantos outros irmãos estão agora em um lugar muito especial, ao lado do Criador, torcendo por cada um que aqui continua lute ferozmente contra todas as injustiças, o descumprimento da lei, sem se acovardar. Se a sociedade ainda continua existindo, somos os responsáveis. No dia que não mais existirem policiais não vai adiantar arrependimento pelo descaso.

Extra

DELEGADOS.com.br
Portal Nacional dos Delegados & Revista da Defesa Social

 

você pode gostar