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‘O Crime do Padre’, por Rogério Antônio

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS

GERAL
‘O Crime do Padre’, por Rogério Antônio

GERAL

{loadposition adsensenoticia}Neste fim de semana o Padre Silvio Andrei foi preso e teve sua imagem exposta exaustivamente pela mídia nacional. Disseram que estava dirigindo nu, embriagado e que tentara subornar policiais e seduzir um adolescente, enfim, uma carreira de décadas é maculada em horas. Os fatos como foram narrados correspondem a verdade ? não sei, mas de uma coisa tenho convicção, nem a polícia nem a mídia tinham o direito de expor a imagem do Padre da maneira como foi feito. Tanto esse fato é relevante, que segundo o delegado de Ibiporã, o juiz do caso, detectou indícios do crime de Abuso de Autoridade.

Infelizmente tais fatos são recorrentes em nosso país, é como se um erro ou um desvio, fossem capaz de acabar com uma vida toda de trabalho, dedicação e acertos, não são.

Lembro o caso famoso da Escola Base, onde a declaração precipitada da polícia e o açodamento quase qu e antropofágico da imprensa, acabaram com vidas, patrimônio, paz, harmonia, família, enfim, foi o inferno chegando mais cedo e indevidamente, e a culpa deve recair sobre quem em tais situações ? No sujeito que provocou o ocorrido, em quem fez declarações irresponsáveis, em quem quis ter seus “cinco” minutos de fama suja, na imprensa que “cumpriu seu papel” (cumprir o papel é ótimo) levando a informação, novamente não sei, só tenho convicção que todas as pessoas envolvidas poderiam ter agido de maneira diferente, porque se fossem elas no lugar do execrado, certamente teriam outra opinião , como teve o jornalista Pimenta Neves, que teria assassinado sua namorada por exemplo.

Pessoas como o rabino Henry Sobel, que teve sua vida absolutamente destruída pela imprensa, porque teria subtraído uma gravata,  o bispo Edir Macedo, que num vídeo teria dado conselhos reprováveis a seus pastores, na maneira de conseguirem recursos das suas ovelhas, tamb? ?m sofreu enormemente críticas da imprensa, salvo da sua própria emissora, o que mostra inclusive, a parcialidade deletéria da mídia, enfim, casos vários de pessoas que cometeram um erro e que em razão da posição que ocupam ou da fama que a própria imprensa lhes proporcionou, pagam um preço tão algo que dificilmente conseguirão superar as consequências.

O erro faz parte da conduta humana, muitos deles podem nem ter justificativa, mas isso não dá o direito à polícia, à imprensa ou a qualquer outra instituição que se arvore em investigar condutas alheias, de expor as pessoas de maneira humilhá-las, como se infere no caso em comentário.

O Padre Silvio Andrei, assim como o Rabino Henry Sobel e o Bispo Edir Macedo, fizeram e fazem um trabalho maravilhoso que visa o bem das pessoas, a redenção do indivíduo e o resgate da dignidade de gente que sem suas ações já estariam perdidas, durante anos, eles trabalharam arduamente para fazer o bem e o f izeram, durante décadas se esforçaram para realizar a caridade e o fizeram, não é possível que um erro cometido, e todos nós cometemos erros, ponha tudo a perder, pelo contrário, na aferição das realizações o bem deve se sobrepujar ao que é negativo, caso contrário, estaríamos atestando que o mal vale muito e o bem não vale nada.

Órgãos que trabalham com a honra e a imagem alheia, devem agir sempre com responsabilidade e com dignidade, caso contrário acabarão sendo vítimas das suas próprias atitudes impensadas e levianas, deixando transparecer sentimentos mesquinhos e negativos no lugar dos maiores propósitos de informar as pessoas com retidão e fazer cumprir a lei com justeza.

No caso Silvio Andrei, o seu pecado não foi cometer um eventual erro, mas ser Padre e famoso, porque isso recrudesceu nas almas pequenas, a inveja e os sentimentos mais vis e abjetos.

Rogério Antonio Lopes é Delegado de Polícia no Estado do Paraná

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social
Portal Nacional dos Delegados

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