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Diretores da Anvisa recebem ameaça de morte por análise de vacina contra a Covid-19 para crianças

por Editoria Delegados

Agência já reportou o caso às autoridades


BRASÍLIA — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou nesta sexta-feira que os cinco diretores do órgão foram ameaçados de morte diante da possível aprovação de vacinas para crianças de 5 a 11 anos. As ameaças foram enviadas por e-mail, obtido com exclusividade pelo GLOBO, às 8h39. O autor, que teve a identidade omitida, seria um homem morador do Paraná.

No conteúdo da mensagem, o remetente escreve que retirará o filho da escola e o migrará para o homeschooling — não aprovado no Brasil — se a Anvisa autorizar o uso de vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. O homem caracteriza a vacina erroneamente como “experimental” e como “uma ameaça à saúde e à integridade física” do filho. A afirmação, contudo, não se prova verdadeira, já que os imunizantes foram amplamente estudados e testados e a aprovação conta com critérios rigorosos.

“Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: (sic) será morto. Isto não é uma ameaça. Isto é um estabelecimento. Estou lhes notando por escrito porque não quero reclamações depois”, escreve, no e-mail.

Os ataques se dirigem ao diretor-presidente da Anvisa, almirante Antonio Barra Torres, e aos diretores Meiruze Sousa Freitas, Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos. Além deles, também há menção à Secretaria de Educação do Paraná. O caso já foi reportado às autoridades.

“Diante da gravidade do fato, a Anvisa informa que oficiou imediatamente às autoridades policiais e o Ministério Público, nos âmbitos Federal, Estadual e Distrital, entre outras, para adoção das medidas cabíveis”, diz a nota da Anvisa.

Segundo a Anvisa, um ofício foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), MP/PR, à Polícia Federal (PF), às secretarias de Segurança Pública do Paraná e do Distrito Federal, aos ministério da Justiça e da Saúde, à Casa Civil, ao Supremo Tribunal Federal (STF), aos presidentes da República, Jair Bolsonaro, do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Na última quarta, a Pfizer pediu aval da agência para estender a aplicação do imunizante a essa faixa etária. A solicitação segue a linha da que foi entregue ao Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e validado por um comitê independente do órgão.

 

A Anvisa publicou nota de repúdio na noite desta sexta, em que afirma que tem se pautado pela ética e pela eficiência dos serviços prestados.

“Diante das presentes ameaças direcionadas às vidas dos Diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Comissão de Ética da Agência vem publicar esta NOTA DE REPÚDIO e esclarecer à população que seus Dirigentes atuam pautados nos princípios éticos que baseiam suas atribuições, de acordo com a independência funcional da Agência, respeitando a autonomia técnica de seus servidores que tem como base o rigor científico, cumprindo seu compromisso com a saúde pública visando à segurança da população brasileira. (…) Colocar em risco a vida de seus Diretores significa ter desapreço pela saúde e pela vida de todos os brasileiros, e este fato não pode ser admitido”, informa o comunicado.

Já a Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) se manifestou com “repusa e indignação” à ameaça. A entidade avalia que o ato é uma tentativa de intimidação diante da análise da vacinação contra a Covid-19 para crianças.

“Apesar de ser uma manifestação individual, tal fato preocupa por não poder ser tomado isoladamente. Trata-se de exemplo que demonstra o que ocorre quando a circulação de notícias falsas, o negacionismo científico e o discurso de ódio são levados às últimas consequências. Ao longo da história, quando o fanatismo e o extremismo são incentivados e encontram solo fértil nas sociedades, o resultado é sempre de terror e retrocesso”, diz a nota.

 

O Globo

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