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Delegado de Goiás nega tortura e vê desespero de defesa

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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GOIÁS
Delegado nega tortura e vê desespero de defesa

Victor Margon

GOIÁS

{loadposition adsensenoticia}O delegado Victor Margon, da Polícia Civil de Goiás, classificou como “um ato de desespero” as acusações feitas pelo advogado Carlos Alberto Teixeira Menezes, de que Arnaldo Agostinho Sotanni, delegado em Mato Grosso, confessou o envolvimento com tráfico de drogas sob coação e tortura por parte dos policiais (veja mais aqui).

“É o desespero. Desespero de ver que foi preso, que a carreira acabou. De estar envolvido com uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Para se salvar, quem ele puder jogar no buraco, desmerecer e desqualificar o fará. É a tentativa desesperada”, declarou Victor Margon ao MidiaNews.

Arnaldo Sottani foi preso no dia 25 de outubro de 2010, na cidade goiana de Catalão (250 km a Sudeste de Goiânia), pelo Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Catalão, na época, coordenado por Margon. Ele ficou preso por mais de 120 dias e foi solto na última terça-feira (22), após decisão do Tribunal de Justiça de Goiás.

Victor Margon afirmou que esse tipo de reação é comum, quando se atua no combate ao tráfico de drogas. “Isso é o mínimo que eles tentam fazer contra a gente, inclusive, ameaças”, afirmou. Ele ainda declarou que, se alguma acusação fosse verídica, o Ministério Público ou Corregedoria da Polícia Civil iria acioná-lo.

O delegado de Goiás ressaltou que a versão da Polícia Civil não mudou, reafirmando que não houve tortura ou coação. “Tudo estava sob a minha presidência e ocorreu normalmente. A Justiça e o Ministério Público ampararam totalmente o nosso trabalho. A Justiça e a sociedade aqui da cidade [Catalão]sabem como é o trabalho da Polícia Civil”, destacou.

Victor Margon informou que não chefia mais o Genarc, ressaltando que sequer está acompanhando o caso, uma vez que o inquérito foi finalizado e o grupo encontra-se sob o comando de outro delegado. “A mim não interessa e nem estou acompanhando. As investigações já acabaram e estou super tranqüilo”, afirmou.

Ele ainda declarou que o Genarc possui uma reputação a zelar e a sociedade de Catalão sabe o trabalho que a Polícia Civil desenvolve, bem como o Ministério Público e o Poder Judiciário. “Todos sabem da seriedade com que o trabalho é conduzido”, destacou.

Gravação

Quanto ao depoimento no qual Sottani confessou, informalmente, que traficou 57 quilos de cocaína, o delegado Margon afirmou que a gravação foi feita por ordem do delegado regional da época, sem o consentimento do delegado preso. Segundo ele, a gravação não foi utilizada como elemento para indiciar Sottani, somente como elemento de prisão.

“Isso tudo está na Justiça. O promotor sabe que não teve a oficialização dele. A gravação foi determinada pelo delegado regional [nome não revelado], meu chefe na época, que foi à delegacia, conversou e pediu para que tudo fosse gravado. Não tinha o consentimento e essa prova não é válida, não. No papel ele não assinou nada”, declarou Margon.

Defesa

O Judiciário goiano considerou nulo o depoimento em que o delegado Sottani confessou seu envolvimento no tráfico de drogas. Na prática, acatou pedido da defesa e concedeu a liberdade.

Em entrevista ao MidiaNews, o advogado Carlos Menezes afirmou que a confissão foi feita sob tortura e coação, além de ter sido gravada sem consentimento de Sottani.

Dessa forma, segundo ele, a prova foi considerada ilícita e resultou na nulidade de parte do inquérito que investigou o delegado por suposto envolvimento em um esquema de tráfico de drogas.

O reconhecimento da ilicitude da prova resultou na liberdade do delegado, em decisão proferida pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, na terça-feira. O delegado estava preso na Delegacia de Homicídios de Goiânia e foi liberado.

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