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Delegada vítima de racismo diz que gerente da Zara pediu desculpas por ato

por Editoria Delegados

CE: Em entrevista no “Encontro com Fátima”, Ana Paula Barroso disse que ficou abalada com situação

Delegada disse que questionou abordagem para três seguranças do shopping antes de buscar o chefe de segurança

A delegada Ana Paula Barroso participou do programa “Encontro com Fátima” ao vivo, nesta quarta-feira (22). Em entrevista, ela falou sobre a situação de racismo que sofreu durante atendimento em uma loja Zara, em Fortaleza. No relato, Ana Paula revelou que o gerente da empresa, responsável por barrar a entrada dela, pediu desculpas pelo ato.

Delegada deu relato de caso para Fátima Bernardes

Segundo a delegada, o pedido aconteceu depois que ela acionou a segurança do shopping. “Olha todo mundo erra. […] Inclusive eu queria lhe pedir desculpas”, conta que ouviu do gerente. A delegada disse que aceitou as desculpas, mas que queria entender o motivo de ter sido barrada.

Ana Paula disse ainda que o chefe de segurança do shopping formalizou, em relatório, que o gerente confirmou a versão dela sobre os fatos e pediu desculpas novamente. “Fiquei abalada. Nunca passei por uma situação dessa”, acrescentou.

A produção do “Encontro com Fátima” procurou a loja Zara. A empresa afirmou que a abordagem não foi motivada por questão racial, mas por protocolos de saúde. Disse ainda que não aceita e nem tolera discriminação.

Tudo que eu estou passando aqui também é o que as vítimas passam. É uma coisa que não podemos tolerar. Agradeço o espaço. Estão buscando descredibilizar minha versão. Graças a Deus que o próprio gerente reconheceu o erro. E quando ele reconhece, ele confessa que a abordagem foi totalmente equivocada, destoante de qualquer fundamento legal
Ana Paula Barroso

Entenda o caso

Segundo o relato registrado em Boletim de Ocorrência Eletrônico (BOE), Ana Paula chegou à loja por volta de 21h20 da terça-feira (14), consumindo um sorvete. Ao tentar entrar, foi barrada por um segurança do estabelecimento. Segundo a loja, a abordagem foi realizada pelo gerente da unidade da Zara.

A empresa diz que o procedimento faz parte de protocolo sanitário contra a Covid-19.

“Ele já foi retirando, impedindo o ingresso na loja. Ela foi colocada para fora da loja”, informou a delegada que investiga o caso, Anna Nery, sobre a postura do funcionário.

Fora da Zara, a delegada chamou um segurança e questionou novamente se o sorvete seria o motivo para ter o acesso travado. O homem disse que não e solicitou a presença do chefe de segurança do shopping no local.

Perícia em vídeos da Zara e de shopping

Vídeos feitos por câmeras foram enviados à Perícia Forense, onde serão checadas possíveis adulterações, e os laudos devem sair entre 15 e 20 dias, conforme Anna Nery.

Enquanto o material é investigado, devem ser ouvidos mais dois seguranças do shopping, uma cliente que estava na loja e presenciou o ato e o funcionário envolvido no caso.

Quero deixar claro que, em nenhum momento, ela se identificou. Ela poderia inclusive ter dado voz de prisão em flagrante por sua autoridade policial, mas, em razão de ter ficado extremamente consternada pela situação, de ter ficado em choque por precisar passar por uma situação dessas em pleno século XXI, não deu voz de prisão”.

Depois que as imagens do episódio foram entregues à Polícia, a delegada Ana Paula Barroso afirma que foi procurada em local de trabalho por dois advogados representantes da rede de lojas Zara. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que a abordagem aconteceu na segunda-feira (20).

O motivo seria para solicitar cópia do inquérito instaurado sobre a denúncia de racismo e buscar a devolução dos equipamentos de vídeo apreendidos no último fim de semana.

A equipe jurídica da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Ceará (Adepol-Ceará) confirmou as informações e disse que “o encontro inesperado” aconteceu no Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Ceará (PCCE), onde Ana Paula Barroso é diretora-adjunta.

Para o advogado e representante da assessoria jurídica da Adepol, Leandro Vasques, a abordagem foi “inconveniente e desnecessária”. A delegada teria ficado surpresa e dito aos advogados que eles deveriam procurar a responsável pelo inquérito, e não uma das partes envolvidas.

Diário do Nordeste

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