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Beltrame admite que não terá como cobrar metas para homicídios

por MARCELO FERNANDES DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO
Beltrame admite que não terá como cobrar metas para homicídios

 

RIO DE JANEIRO

Em encontro com moradores e comerciantes da Barra da Tijuca – bairro nobre do Rio – na Câmara Comunitária da Barra, na noite de quarta-feira passada, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admitiu que não terá como cobrar dos policiais o cumprimento das metas fixadas para a redução de homicídios no estado, de 11,7% – que foram anunciadas com satisfação pelo governo do estado.

– Se não atingirmos as metas vou dizer uma coisa. Estamos colocando ferramentas da iniciativa privada no serviço público. Não podemos nos apegar a ideia de que se o cara não atingiu a meta, vou degolar ele. Vou criar uma cultura. Ele vai ser cobrado mensalmente. Mas não posso dizer que se o comandante não vai baixar amanhã vai lá pra Japeri. Não. Não vamos ter resultados imediatistas – afirmou Beltrame, em resposta à pergunta pelo líder do Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.

Beltrame foi confrontado também diante do número macabro de 20 mil mortes violentas desde o início de sua gestão. Agoniado com a rotina de enterros de vítimas da violência, que passou a fazer parte do seu dia a dia, o líder do Rio de Paz perguntou ao secretário se há uma forma de se desarmar o narcotráfico sem que isso represente mais mortes de inocentes nas comunidades pobres.

Nesse ponto do debate, Beltrame voltou a assumir sua postura aparentemente insensível diante das mortes desnecessárias, ocorridas em confrontos nas favelas, e alvo de críticas da alta-comissária da ONU, Navi Pillay, que esteve semana passada no Rio. Sem pestanejar, o secretário de Segurança afirrmou:

– Acho muito difícil. Independentemente do número, vamos continuar trabalhando dessa forma. É complexo. Se eu sei que tem um criminoso com 15 mil cartuchos na Vila Cruzeiro como eu ir ali pinçar isso é que é complexo. Não vou ficar assistindo isso – afirmou o secretário, que foi imediatamente ovacionado pela platéia, formada em grande por moradores e comerciantes da Barra da Tijuca.

– Enfrentar não é sair dando tiro. Mas esse cidadão eu vou enfrentar. Não podemos desistir sob pena dessas pessoas daqui a pouco estarem aqui nessas cadeiras. Isso se criou pela inércia e pela tolerância. a conflusão que fizeram entre direitos humanos e libertinagem.

Por fim afirmou que não tem pretensão política por ser um técnico. Apesar da pressão das perguntas feitas por Antonio Carlos, o secretário reconheceu que o Rio de Paz é uma “ONG do bem”.

Enfrentar não é sair dando tiro, como disse, o secretário, mas infelizmente é o que alguns policiais mais fazem. Já passou da hora de o Ministério Pública estadual fazer uma radiografia dessas mortes em confronto (autos de resistência), quando poderá verificar, sem medo de errar, que muitas delas foram execuções sumárias e extrajudiciais.

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Fábio Gaudêncio
DELEGADOS.tv
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